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Vice-presidente lésbica da ABGLT, Yone Lindgren comenta filiação ao PT

Há cerca de um mês, Yone Lindgren, vice-presidente lésbica da ABGLT e militante do Movimento Dellas, um dos principais grupos que atuam no Rio de Janeiro, se filiou ao PT, quando o partido realizou em São Paulo às vésperas da Parada Gay o encontro de seus setoriais LGBT. Na ocasião, a drag queen Salete Campari trocou o PDT pelo mesmo partido.

Em entrevista por e-mail concedida esta semana ao site A Capa, Yone agora comenta sua filiação ao partido. Diz que essa decisão é "mais um caminho" em sua militância e rebate boatos sobre a criação de uma chapa pura formada por petistas na eleição da próxima diretoria da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

Por que resolveu se filiar ao PT?
Porque temos que fortalecer o partido que nos apoia de fato. Não bastava ficar na linha apartidária, se meu voto sempre eram para os candidatos petistas, se eu fazia a campanha deles e etc… as máscaras pesam. Teria que assumir minha postura político-partidária logo.

Era filiada a algum partido antes?
Não. Por ser filha da ditadura havia em mim resquícios de negação aos partidos.

Como você vê a recente filiação da Salete Campari ao PT?
Acredito que ela veio somar conosco em um partido que, realmente, valoriza seus candidatos sem pensar em orientação sexual.

Você pretende disputar algum cargo político nos próximos anos?
Não. Gosto da linha de frente da sociedade civil. Mas quero apoiar a candidatura de Dilma a presidência deste Brasil.

A filiação muda sua atuação como militante?
Jamais. Ser filiada ao PT é mais um caminho de militância…

Como vice-presidente, como você avalia essa gestão da ABGLT?
Muitas conquistas, muitos espaços abertos e muito, muito a fazer, porque estamos engatinhando ainda…

Você pretende se lançar à presidência da ABGLT?
Acredito que haja espaço, agora, para uma mulher na presidência. E estamos ainda nas articulações destas, tão próximas, eleições.

Comenta-se nos bastidores do movimento que a sua filiação é para formação de uma "chapa pura" petista. Você confirma? O que pode falar a respeito?
Nada a ver. Sempre tivemos a maioria petista dentro da ABGLT.

Como você vê a participação lésbica no movimento LGBT?
Temos ocupado mais espaço, visibilizado mais nossas ações e especificidades. Porém, há muito a fazer, muito a conquistar!

A candidatura de Dilma Roussef à presidência pode aumentar a visibilidade das mulheres na política?
Sem dúvida, esta candidatura muda a história das mulheres no Brasil.

Faz diferença uma lésbica no comando de uma ONG gay ou LGBT?
Faz, porque as visões e posturas são diversificadas.

Como você vê as recentes atitudes do governador Sergio Cabral (PMDB), como a instalação do Conselho Estadual LGBT e dos B.Os que contarão com homofobia na motivação do crime?
Aguardo mais ações objetivas, contundentes. Afinal, ele tem o apoio de todo nosso movimento fluminense.

A existência de duas entidades lésbicas com representação nacional (a LBL – Liga Brasileira de Lésbicas – e a ABL – Articulação Brasileira de Lésbicas) é positiva ou divide a atuação do movimento?
Acho saudável a existência de outras redes, porque temos formas de agir e propostas diversas. Tudo fica bem e visibiliza, quando há ética e respeito nas ações.

Você acha importante a existência de uma Caminhada Lésbica, como há em São Paulo? Há alguma articulação no sentido de o Rio de Janeiro também ter sua marcha?
Acho importantíssima a caminhada e acredito que teremos nosso momento no Rio de Janeiro, como em outros locais…

* Colaborou Marcelo Hailer

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