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Vida Dupla – Boxeador gay discriminado por sua orientação sexual ganha livro biográfico

Mexe com quem esta quieto…

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Nós sabemos que sair do armário não é algo fácil, para um boxeador da década de 60 então era algo impensado.

Negro e homossexual, o boxeador americano Emile Griffith viveu uma história digna de virar livro, tendo em um de seus capítulos o triste episódio onde em meio a uma luta nocauteou seu oponente que veio a falecer dias depois. O motivo da irá dele? Seu oponente, o cubano Benny Paret, o provocava há meses, zombando de sua orientação sexual.

Na pesagem, ele deu um tapa na bunda de Griffith e repetiu aos risos: "maricón." No ringue, o americano não perdoou a brincadeira e o nocauteou sem dó. Paret morreu em leito de hospital dez dias após a luta.

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Este, entre outros episódio são contados em detalhes na biografia "A Mans World: The Double Life of Emile Griffith", do jornalista britânico Donald McRae, lançada na Europa em setembro.

Em entrevista à Folha, McRae explica que a preferência de Griffith por homens e sua impossibilidade de revelá-la em público naquele momento dos Estados Unidos geraram uma angústia profunda no lutador. 

"Ele foi um homem fascinante, que levava uma vida dupla. Nas décadas de 1960 e 1970, foi comparado aos maiores boxeadores da história, como Muhammad Ali. E era também um homossexual cuja vida ideal, em termos de felicidade, talvez tivesse sido como criador de chapéus femininos [ele era estoquista de chapéus em Nova York quando foi descoberto como potencial boxeador]", diz o autor.

Se a sexualidade tinha que ser mantida escondida, o sofrimento tornou-se notório. A morte de Paret e a discriminação que sofria fizeram com que Griffith se tornasse conhecido como "um homem com dor."

"Emile sentiu tanta raiva que descontou tudo em Paret. Ele foi assombrado por isso, teve pesadelos por muitos anos, pois ele sabia que o cubano deixou uma mulher e um filho quando morreu. Ele se sentia responsável. Para ele, foi muito difícil continuar a golpear pessoas para viver depois de ter matado uma pessoa", conta McRae.

"Ele também se sentia angustiado por nunca ter a possibilidade de sair em público e dizer que era um homem gay. Nos anos 1960 e 1970, era um crime nos Estados Unidos declarar-se homossexual." Segundo McRae, ele tinha orgulho de ser homossexual, e sempre entrava nos bares gays pela porta da frente.

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Griffith dava alegria à comunidade gay, que o celebrava como campeão mundial e um de seus membros.

"Eu mato um homem e a maior parte das pessoas me perdoa. Eu amo um homem e muitos dizem que isso me torna uma pessoa horrível", dizia Griffith, em passagem reproduzida no livro de McRae.

Admirado por lendas como Ali e Mike Tyson, ele tinha um nível técnico extraordinário, mas nocauteava pouco. Griffith era um boxeador que não gostava de violência. "Ele não era fantástico de se assistir, porque ele não queria machucar o adversário, especialmente após a luta com Paret.

Ele sempre queria ganhar da maneira limpa, por pontos, causando o mínimo de dor ao rival. Então, ele não conseguiu muitos nocaute explosivos", diz o biógrafo.

É uma pena que não exista ainda previsão para a biografia do boxeador chegar ao Brasil. De qualquer forma, vale apena dar uma googada e pesquisar mais sobre este cara que é um mito do esporte e da história LGBT.

E fica o aviso pra você que faz piadinhas homofóbicas: não mexa com quem esta quieto <3

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