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Virada Pop Show: O grande momento gay da Virada Cultural 2010

A Virada Cultural de São Paulo rolou nos dias 15 e 16 de maio. Entre tantas atrações interessantes pulverizadas pela cidade, uma se destacou pela criatividade e tolerância, além da diversidade explícita. A "Virada Pop Show", que aconteceu no Sesc Consolação, reuniu cenas marcantes e um público incrível.

A proposta era brincar com o pop e seus ícones, fakes ou não. Portanto, nada melhor do que apresentar artistas que "simulam" ou "imitam" seus ídolos. Mas o que se viu foi muito mais do que isso.

A banda Heroes abriu a noite no auditório do Sesc, com seu imperdível show de covers de David Bowie. Capitaneada pelo explosivo vocalista André Frateschi, a banda deu, literalmente, um show. O público veio abaixo e cantou todas as músicas, cobrindo diversas fases de Bowie – desde a era lunática, com "Ziggy Stardust", até o pop anos 80 de "Lets Dance". Nota 1000.

Ainda no teatro, vieram bandas craques no quesito cover: Jumbo Elektro recriando hits underground, The Presleys Band com covers de Elvis Presley, e The Beatles Forever com seu clássico show-homenagem ao quarteto de Liverpool.

Mas o fervo maior foi no andar de cima, na área de convivência do Sesc. Um público animadíssimo formado de famílias, crianças, avós, gays, lésbicas, casais teen, emos, indies, grisalhos e modernos se acotovelaram para ver um desfile de covers inusitados.

Bee Gees Cover entoou os hits disco do grupo australiano, incluindo a trilha de "Os Embalos de Sábado à Noite". No telão, cenas em stop-motion de John Travolta no filme.

Então veio a apoteose: Michael Jackson Cover. O dançarino Rodrigo Teaser é uma cópia idêntica do astro e arrasa na dança, repetindo as coreografias com perfeição assustadora. Ele dublou as músicas em vez de cantar, mas o público nem ligou – a histeria dominou o local, com as pessoas berrando "Michael, eu te amo", tentando encostar no rapaz e se estapeando para pegar o chapéu que o artista atirou ao povo no final de "Billie Jean".

Considerando que Michael morreu em junho de 2009, e que todos os presentes sabem disso, só resta uma conclusão: o mito é mais forte que a verdade.

Foi assim também com Madonna Cover. A cantora Verônica Pires canta de verdade, e executa as coreôs da diva também perfeitamente, sozinha. O público – nesse momento formado basicamente de gays, garotas e teens em geral – novamente se entregou à ilusão, e pulou eufórico como se estivesse diante da verdadeira Madonna.

Em ambos os casos, a situação teve momentos emocionantes: os shows cover de Madonna e Michael tinham um lado rudimentar, mas o calor e a energia trocados entre artistas e público chegou a ser, algumas vezes, mais eletrizante do que nos shows originais.

Por fim, Miranda Kassin – backing vocal da banda Heroes – surgiu com sua deslumbrante interpretação de Amy Winehouse. O projeto I Love Amy traz Miranda vestida e maquiada como Winehouse, e com o repertório da cantora inglesa. Acompanhada por uma banda poderosa, Miranda fez um show excepcional, entoando hits como "Back to Black" e, claro, "Rehab".

O saldo final foi uma noite divertida, eclética, algumas vezes beirando o trash, mas honrando o rótulo "pop". E com segurança, liberdade para os presentes se manifestarem, longe da violência e do stress que mais uma vez surgiu na Virada na região central da cidade. Não havia clima tenso nem indivíduos com cara de "poucos amigos". Até José Serra apareceu lá pelas tantas, mas grande parte do povo nem viu – o show estava no auge e Amy Winehouse atraía mais atenção do que o pré-candidato à Presidência.

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