A Policia Militar de Pernambuco tem entre os seus soldados Marcelo Viana dos Santos, de 28 anos. A história dele não seria diferente de nenhum dos demais companheiros caso ele não fosse um homem transexual, que luta para ser reconhecido como homem.
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Em entrevista ao site UOL ao jornalista Ricardo Marchesan, Marcelo revelou que teve consciência de sua transexualidade aos 21 anos por meio de outro homem trans, mas que só passou a fazer o tratamento depois que estava na PM.
"As cirurgias eram muito caras e eu não teria apoio dos meus pais (…) Fui fazendo minha transição com o que eu tinha em mãos, fui vestindo roupas masculinas. Mesmo sem tomar hormônios, ninguém me confundia mais com mulher".
O soldado afirma que sempre quis entrar nas Forças Armadas e que, para realizar o sonho, teve que optar por prestar o concurso com a identidade de registro, a feminina. "Naquela época tinha muito medo de ser excluído da polícia. Era meu único meio de sustento. Mas meus superiores me orientaram que esse tipo de situação não seria motivo para minha exclusão e deram apoio".
E assim que ele terminou o curso retomou a transição de gênero sem qualquer tipo de problema. Afinal, segundo ele, todos sabiam de sua transexualidade. "Quando voltei a vestir roupas masculinas e comecei a tomar hormônios não foi choque para ninguém. Meus colegas têm de me respeitar por eu ser PM e por não estar fazendo nada absurdo, nada contrário às normas. E realmente me respeitam".
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Apesar da boa convivência, Marcelo não minimiza a transfobia que vem da sociedade em geral. "O preconceito é encontrado em qualquer momento, não só no trabalho, mas em vários outros âmbitos da minha vida. Está enraizado na sociedade, e a PM não é diferente". Ele afirma, por exemplo, que os pais não o chamam no masculino.
Com a cidadania caminhando e os direitos sendo conquistado aos poucos, Marcelo revela que também está feliz no amor. "Conheci minha mulher em maio do ano passado e casei em setembro. Ela tem uma mente muito aberta e não tive problema algum. Foi amor à primeira vista", diz ele, que preferiu a união estável, pois só pretende fazer uma certidão de casamento quando o nome estiver trocado.