Pressionado, o governador do estado americano, Nathan Deal, fez o anúncio nesta segunda-feira (28)
+Atores e cineastas de Hollywood se unem contra projeto de lei anti-gay da Geórgia
Pressionado por um arco de corporações que vai do Google à Disney, o governador da Geórgia (EUA), o republicano Nathan Deal, anunciou nesta segunda-feira (28) que irá vetar um projeto de lei estadual que extirparia direitos LGBT.
Conhecida como "Lei da Liberdade Religiosa", a medida, se aprovada, legalizaria uma série de práticas excludentes por parte de organizações baseadas em alguma fé contrária à homossexualidade.
Uma empresa que tivesse um patrão religioso, por exemplo, poderia demitir um funcionário gay. Um oficial do Estado não seria obrigado a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo "se isso violasse seu direito legal à liberdade de religião". Escolas e instituições de inclinação religiosa também poderiam barrar um evento de grupos com posições divergentes das suas -os da comunidade LGBT, por exemplo.
O projeto passou pela assembleia local, de maioria republicana, partido tido como mais conservador.
A reação do mundo corporativo foi brutal. Duas gigantes do entretenimento, Disney e sua subsidiária Marvel, ameaçaram sair do Estado se a lei fosse aprovada. A AMC, responsável pela série "The Walking Dead", também se disse disposta a arrumar as malas e ir para outro lugar.
Com bons incentivos fiscais, a Geórgia se transformou em pólo para empresas do ramo. Lá a Marvel filmou, no verão passado, o novo filme do Capitão América, "Civil War". Atualmente, roda "Guardiões da Galáxia 2" num estúdio nos arredores da capital, Atlanta.
A contrapartida compensava: no ano passado, o Estado faturou cerca de US$ 1,7 bilhão ao servir de set para mais de 240 produções.
"A Disney e a Marvel são companhias inclusivas, e ainda que tenhamos tido ótimas experiências filmando em Geórgia, planejamos levar nossos negócios para outros cantos caso haja uma lei estadual que permita quaisquer práticas discriminatórias", disse um porta-voz da Disney na quarta (23).
Parte de Hollywood engrossou a ameaça de boicote, como as atrizes Anne Hathaway e Julianne Moore, o criador da série "Glee", Ryan Murphy, e o diretor Lee Daniels ("Preciosa").
Mais de 300 corporações -Google, Twitter, Coca-Cola e Microsoft, entre elas- também ficaram contra a lei. E a NFL, liga de futebol americano, afirmou que Atlanta perderia a chance de sediar futuros Super Bowls se o governador sancionasse a legislação anti-LGBT.
Um ótimo exercício para se fazer após esta vitória é observar com atenção as empresas que se posicionaram contra a lei e dar preferencia a elas na hora de fazermos nossas compras. Felizmente não foram poucas!