Christopher Isherwood é um dos mais importantes escritores e novelistas do século XX. Morto em 1986, aos 81 anos, vítima de câncer na próstata, ele escreveu obras seminais, como a novela "Goodbye to Berlin", que deu origem ao musical da Broadway "I am a Camera", e depois ao clássico filme musical "Cabaret".
Outra obra famosa de Isherwood é "A Single Man" – sim, escrita em 1964 e que virou filme em 2009, no Brasil batizado como "Direito de Amar". A essa altura, podemos dizer: Christopher era gay.
E ele protagonizou, na vida real, um dos mais duradouros romances da intelectualidade gay norte-americana. Em 1953, aos 48 anos, conheceu o garoto Don Bachardy, então com 16 anos. Os dois iniciaram uma relação que, com idas e vindas, durou até a morte de Isherwood.
Muitos detalhes desse romance estão nos diários pessoais do escritor, agora publicados em livro nos EUA. E Bachardy, hoje com 73 anos, comentou o material em entrevista à revista gay inglesa "Gay Times".
"É um pouco embaraçoso, porque tem muito de má conduta de minha parte", disse Bachardy à publicação. "Mas eu devo me sentir embaraçado. Vergonha minha. Mas ele é muito mais gentil comigo do que eu mesmo fui, em meus próprios diários".
O viúvo do escritor também fala sobre o preconceito social diante da diferença de idade deles – 32 anos. "As pessoas arqueavam as sobrancelhas. Era até chocante para muitas pessoas. Porque ele era mais de 30 anos mais velho do que eu e quando eu tinha 18 anos, aparentava 12", disse.
O trabalho de Isherwood e sua relação com Bachardy estão bastante em alta no momento. Além da publicação dos diários e do filme "Direito de Amar", dois outros filmes saíram do forno nos últimos anos: o telefilme "Christopher and His Kind" (2010) e o documentário "Chris and Don: A Love Story" (2008).
Bachardy comenta ainda como a presença de Isherwood continua existindo em sua vida. "Ele ainda é grande parte de minha vida. Penso nele diariamente. Em certas coisas, me sinto mais próximo dele agora do que quando ele estava vivo", diz ele. Como um cavaleiro Jedi, ao desaparecer do planeta, Isherwood tornou sua presença ainda mais forte. Pelo menos para aquele que passou 33 anos a seu lado.
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