Seja na mídia LGBT ou não, é muito comum pessoas confundirem a luta pela livre orientação sexual com a luta da identidade de gênero. E é por meio dessa confusão que muita gente acaba tropeçando nos preconceitos considerados transfóbicos.
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Dentre os absurdos que geralmente aparece – e que reviram o estômago de qualquer pessoa minimamente engajada – é de que ninguém precisa virar mulher (sic) para gostar de homem"".
E não precisa mesmo. Até porque não se trata de uma mesma luta, busca ou vontade. E até porque muitas travestis gostam de mulheres cis, de mulheres transexuais e de outras travestis.
Complicou? Então entenda agora:
ORIENTAÇÃO SEXUAL
A luta pela orientação sexual é das siglas e pessoas – sejam elas cis ou trans – que se definem como L (lésbicas), G (gays) e B (bissexuais). Ela se refere ao respeito pela atração afetiva ou sexual que alguém manifesta em relação ao outro, seja pelo mesmo sexo, pelo sexo diferente ou por ambos.
A palavra "orientação" pode simplesmente ser explicada pela inclinação dos desejos ao observar alguém. Em outras palavras, é para onde os seus olhos e a sua cabeça se "orienta" naturalmente ao ver um homem e uma mulher. Evite usar a expressão "opção sexual", pois ninguém opta por nada, ok?
O movimento luta pelo casamento igualitário, pela adoção por casais do mesmo sexo, pelo fim do preconceito sobre os beijos entre pessoas do mesmo sexo, pelo fim das agressões referentes à orientação sexual…
IDENTIDADE DE GÊNERO
Já a identidade de gênero trata-se da luta de travestis, mulheres transexuais e homens trans. Ela fala sobre o respeito à própria percepção e entendimento de si mesmo como pessoa do gênero feminino ou masculino (ou ambos), independente do genital do nascimento.
Embora a sociedade divida as pessoas em homem e mulher baseados em pênis ou vagina, o gênero e a identificação com ele (segundo os estudos desde os anos 70) não tem relação direta com a anatomia. Como diz Simone de Beauvir, ninguém nasce mulher, torna-se. E estas pessoas se percebem diferente ao gênero que em foram impostos.
O movimento TT luta pela mudança de documentação, pelo nome social em chamadas na escola, pela hormonioterapia, algumas pessoas pela redesignação sexual (ou readequação sexual, nunca diga mudança de sexo) e pela empregabilidade.
SEPARADOS?
Vale ressaltar que travestis e mulheres trans podem ser lésbicas (caso fiquem com mulheres cis, mulheres transexuais e travestis), heteros (se ficarem com homens cis e homens trans) e bissexuais – da mesma maneira como qualquer mulher cisgênero. E que homens trans podem ser gays, héteros e bissexuais, assim como qualquer homem cisgênero. Afinal, independente da identidade de gênero, pessoas trans também tem orientação sexual.
Além disso, o fato de serem termos e lutas diferentes não quer dizer que os grupos precisam ser separados ou desfragmentados. Tais lutas podem e até devem ser pensadas e sensibilizadas em conjunto e em prol de algo maior, a liberdade, a diversidade e a cidadania.