Depois de uma quente sexta-feira em São Paulo saio para tomar cerveja com um casal de amigos héteros. Chego em casa pouco depois da meia noite e como já tinha perdido o Big Brother dou uma zapeada pela TV.
Jornal do SBT. Começa uma matéria sobre o protesto dos motoboys que interditou a cidade. Depois segue um comentário. De um senhor de terno e gravata que agora eu não me lembro o nome. Pois bem. Ele começava dizendo que os motoboys tinham direito em protestar. Mas que erraram na forma de fazer o protesto – causando trânsito em SP. O comentarista dizia que os motoqueiros poderiam contar com o apoio da sociedade civil em seu protesto se tivessem se manifestado de outra forma.
A forma, segundo o comentarista, é muito importante. Porque o que distingue uma garrafa de um painel de um carro é a forma, no fundo os dois objetos são vidros. Sabe-se lá como, o tal comentário terminou com o senhor engravatado dizendo uma coisa bem conservadora do tipo “quem da família vai chamar atenção desses meninos?”
Aí vamos a análise dos fatos. Um. Pelo tom do discurso supõe-se que o senhor engravatado deve ter ficado horas no trânsito por causa do protesto. Dois. Sabendo da pouca visibilidade que a mídia dá para protestos e reivindicações talvez se tivesse acontecido de outro jeito o fato não teria virado notícia. Três. Falar é fácil. Muito fácil. O senhor comentarista, que nunca deve ter subido numa moto em toda a sua vida de senhor comentarista esqueceu-se de sugerir outra forma de protesto aos motoboys, com o qual poderiam contar com o apoio da sociedade civil. Quatro. Sim, eu sou parcialmente favorável aos protestos dos motoboys. =D
Depois desse meu momento de revolta “não-aceito-passivamente-tudo-que-querem-me-fazer-engolir-desconfio-dos-meios-de-comunicação” mudo de canal. Jornal da Globo. “Veja em instantes a entrevista com o Dj mais popular do mundo”, Disse a Cristiane Pelajo. Armim Van Buuren é o nome do bonitão. Eu nem sabia quem era. (Deveria?) Travei um diálogo comigo mesmo:
– Eita, achei que o Dj mais popular do mundo fosse o Offer Nissin.
– Não William, esse é do mundo, não do mundindo.
– Ah, então tá.