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Trasher

Eu sempre fui um trasher. Para quem não sabe ‘trasher’ é o apelido carinhoso dado aos freqüentadores da festa paulistana Trash 80’s. Quando descobri o poder redentor da festa e as possibilidades maravilhosas que ela me dava de relembrar o meu próprio passado, virei imediatamente fã de carteirinha. Até já fui DJ (fajuto) numa ocasião.

Uma dúvida que sempre me veio à cabeça foi como Enéas e Tonyy, os dois idealizadores da Trash, fariam para manter o “fogo” dos trashers por muito tempo. Porque, sinceramente, não dá para ficar ouvindo RPM, Metrô, Pet Shop Boys, Xuxa e derivados toda hora – ainda mais numa balada. Mas talvez isso tenha uma explicação, ou melhor, duas: Enéas e Tonyy são empresários caprichosos (a Trash 80’s se transformou numa marca, por exemplo) e também porque o público conseguiu se renovar – e, especificamente nesse caso, a Trash é uma daquelas festas que começou “alternativa”, mas que no boca-a-boca virou um clássico.

Evidentemente que a Trash 80’s é outra hoje. Há menos gays (para onde eles foram?), mais héteros, menos montação e alguns curiosos. Mas nada disso tirou o caráter quase recreacional da festa nem fez diminuir seu público. No sábado passado, por exemplo, aconteceu a final do concurso TrashStar, que, entre três candidatos, premiaria o melhor cantor trasher. Venceu minha amiga, a Mary, que arrasou com seu vozeirão ao interpretar “It’s raining men”. A casa simplesmente lotada se divertiu com a brincadeira e pôde vivenciar a diversidade que virou inclusive lema da festa.

Assim, a Trash 80’s sobrevive à dureza dos tempos, mostrando que veio para conquistar aqueles que, independente de terem ou não vivido os anos 80, conseguem tirar dessa década algo de especial para suas vidas.

Na foto, a Mary cantando.

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DOM #6