Pesquisa inédita promovida pela ONG Estruturação- Grupo LGBT de Brasília- aponta que 64% desse segmento da capital federal já sofreu algum tipo de violência, quer seja física ou psicológica, em locais onde assumem sua orientação sexual ou identidade de gênero nos últimos dois anos. A entidade irá entregar a pesquisa oficialmente para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e para a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Governo do Distrito Federal cobrando ações para enfrentar o cenário de violência contra o segmento de homossexuais, bissexuais e transgêneros na capital federal.
Dentre os que sofreram violência, 41,2% afirmaram ter sido vítimas de xingamento em locais públicos; 23,2% sofreram agressões físicas; 9,6% foram impedidos de beijar seus parceiros em locais públicos; 8,8% perderam o emprego; 8,3% foram impedidos de entrar ou foram expulsos de locais públicos; e 8,8% sofreram outros tipos de violência.
Segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisas do Estruturação, José Jance Marques, “o que mais assusta nos dados sobre a violência sofrida nos últimos dois anos refere-se à praticada pelos líderes religiosos ou por fiéis de denominações cristãs”. Ao serem perguntados se já sofreram algum tipo de violência por parte de líderes religiosos nos últimos dois anos, 65,7% dos entrevistados responderam que sim.
Destes, 24,3% foram vítimas de agressões verbais por pastores/padres em locais públicos; 13,2% foram denominados como doentes por pastores evangélicos; 9,8% se sentiram agredidos por programas evangélicos veiculados na TV; 9,4% foram vítimas de agressão física por parte de fiéis cristãos; 8,9% foram impedidos de entrar ou foram expulsos de Igrejas evangélicas; 8,5 % passaram pela mesma situação em igrejas católicas. No mais, 8,5% se sentiram agredidos com pastores afirmando que o amor GLBT é um pecado mortal; 8,1% foram vítimas de outras espécies de violência.
A ONG entrevistou 356 pessoas entre gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais durante os dias 22 de junho e 19 de setembro de 2007 nos locais freqüentados pelo público GLBT na capital federal. Esta pesquisa é o primeiro passo de um projeto ainda maior promovido pelo Estruturação.
