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“O meu filho ainda é tratado como réu”, diz mãe de gay assassinado aos 14 anos

"Querem desqualificá-lo dizendo que ele era usuário de drogas, inclusive entraram com pedido de exame toxicológico. O meu filho ainda é tratado como réu", disse Angélica Ivo, 38, mãe de Alexandre, assassinado em junho, durante o segundo ato "Alexandre (V)Ivo", que aconteceu nesta terça-feira (07), em frente ao Fórum de São Gonçalo (RJ), local onde também foi realizada a segunda audiência do caso.

Em seu protesto, Angélica Ivo criticou a Prefeitura de São Gonçalo e a Câmara de Vereadores do município por ignorarem o assassinato de seu filho. "Olha que legal, acabei de receber uma homenagem da Câmara Municipal. Durante esses cinco meses, não recebi nenhuma solidariedade da Câmara, por causa disso me sinto muito à vontade de cobrar, pois não tive o apoio do Executivo da minha cidade", protestou.

"Tive que recorrer ao Estado para obter apoio. Vocês não imaginam o que é a dor que estou passando, a dor que o Ale passou, foram três horas de tortura! Nunca pensei que o comportamento incomodaria tanto, que ser bonito, inteligente e feliz causaria a morte do meu filho", disse Angélica, que revelou ainda ser "muito sofrido" expor a sua "dor" para buscar "justiça". "Não importa a orientação sexual do Alexandre e sim a violência que ele sofreu."

Angélica alertou a população de São Gonçalo que qualquer um pode ser vítima de crimes brutais. "Quero que as pessoas de São Gonçalo se deem conta de que pode acontecer com qualquer um. Eu luto para que o PLC 122 possa, daqui a um tempo, resguardar outras vidas e, para isso, teremos que unir a nossa luta com o movimento negro, de mulheres e com os sindicatos", finalizou Angélica.

O pai de Alexandre Ivo, Paulo Rajão, que reside em Belém (PA), também compareceu ao ato. "Estou com o coração partido. Tudo desabou na minha vida… Não consigo falar", disse, deixando o microfone fortemente emocionado. Outro momento marcante foi quando um dos melhores amigos de Alexandre, Jacy, discursou.

"Fui o último a ter contato com o Ale… Os mesmos que o mataram foram os mesmos que me agrediram. O Ale não viu a briga, ele era uma pessoa pacífica e morria de medo de confusão. Faz cinco meses, mas ainda é difícil saber que ele não vai estar lá (Praça do Zé Garoto). Costumávamos nos encontrar todos os dias para botar o papo em dia. Agora ele não mora mais aqui, só está em nossos corações", falou chorando, para em seguida abraçar Angélica.

Após as falas, o ato contou com a apresentação do cantor Sandro. "Quero oferecer essa música a minha amiga Angélica, ao Alexandre e a qualquer um que tenha sido sofrido a estupidez da violência". No violão, a música "Imagine", de John Lennon.

Testemunha-chave
Por volta das 18h de ontem, teve início a segunda audiência do caso Alexandre Ivo. O objetivo era escutar as testemunhas de acusação e defesa. Segundo Marco Duarte, primo de Angélica, o clima ficou tenso por conta das testemunhas de defesa, que caíram em contradição em seus depoimentos.

Marco disse à reportagem que o momento mais tenso foi quando a juíza Patrícia Acioli, que cuida do caso, escutou o depoimento de Kleber (sobrenome não divulgado). O rapaz reside em frente ao terreno onde ocorreu o assassinato de Alexandre Ivo. Duarte relatou que num primeiro momento a testemunha disse à polícia que tinha visto o crime.

Porém, em uma segunda ocasião, quando foi chamado a depor, Kleber disse que não tinha visto nada. O que também chamou a atenção foi que o rapaz apareceu com um advogado e, segundo consta, por conta de sua condição socioeconômica, ele não teria condições de pagar por um profissional.

A juíza, ao constatar a contradição do depoente, o alertou que se estivesse mentindo, seria preso. Foi ordenado então que a polícia irá até a casa de Kleber para realizar perícia científica e certificar se é possível ou não, a partir de sua residência, observar o local do crime. A próxima audiência acontece no dia 03 de fevereiro.

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