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A nova geração

Era domingo por volta das 22 horas, eu passava pela região do largo do Arouche e vi uma multidão. Parei e decidi saber o que havia acontecido. Ao me aproximar percebi que eram em torno de 500 jovens, bem jovens, entre 16 e 20 anos. Eu estava com um amigo aqui do trabalho, ficamos curiosos sobre tudo, então paramos algumas pessoas fazendo quase uma pesquisa.

Descobrimos que a maioria não conhece outras boates, só a Freedom, que tem a domingueira ali na frente até 22h. Eles disseram que muitos entravam na boate e após iam para essa praça, mas que outra parte não entra na boate, eles ficam direto na praça. Também disseram que costumavam se encontrar no evento das segundas feiras do shopping Tatuapé, mas que a administração do shopping está os afastando aos poucos e está conseguindo diminuir o numero de pessoas gradativamente.

Esta multidão reúne-se lá todos os domingos, e eu percebi que é positivo. Tem muitos menores, tem gente bebendo vinho chapinha, mas  são poucos, claro que tem maricona se aproveitando de novinhos, tem de tudo, mas acho que a maioria é bem comportada. Também tem um policiamento bem presente a poucos metros com um trailer da policia militar que monitora toda situação.

Essa é uma região muito democrática da cidade, só atravessar a rua e estar na "prainha", quatro bares para gays um pouco mais adultos, de 40 a 50 provavelmente, estava cheio também, as pessoas ficam em pé em frente os bares, pois as mesas lotam rápido. E se andar mais alguns quarteirões tem também o novo bar para ursos (gays peludos), lotadíssimo, quase os carros não conseguem passar na rua.

Percebemos que estes jovens já nascem num mundo melhor, num mundo em que mães são mulheres beeshas ou então simpatizantes com amigos gays. Parece que a aceitação da família pra eles já não é o tabu que era na minha época, uma incerteza que levou muitos gays a sair de casa ou a viver no armário com muito medo.

Estes gays nascem num mundo homofobico, claro, porem num mundo em que declarações como do tal "Bolsonaro" são vistas como ignorância e retrógada. Eu acredito que se esta declaração ocorre-se na década de 80 ou 90, ela seria visto com certa naturalidade por parte da sociedade, hoje a grande maioria vê como absurdo.

Estes gays também nascem com um medo bem menor do hiv, eles não viram o Cazuza na capa da Veja com o titulo "CAZUZA UMA VITIMA DA AIDS QUE AGONISA EM PRAÇA PUBLICA" e acham que essa doença é apenas uma diabete, e não como a peste gay fatal que era vista nos anos 80/90.

Eles ainda não viram o beijo gay na tv, mas viram um monte de personagens gays nas novelas. Eu tinha medo de ser como a Vera Verão, ela era minha única referencia quando eu tinha 10 anos. Na década de 80 ainda estávamos polemizando com o beijo de uma negra e um branco, foi na novela Corpo a Corpo, a atriz Zezé Mota foi vitima de preconceitos na rua por ter beijado o ator Marcos Paulo. Quem sabe um desses novos gays da praça do largo do Arouche faz um post em blog no futuro comentando sobre o primeiro beijo gay e sobre os vários que foram censurados.

Minha conclusão é que ninguém segura essa nova geração, eles não vão aceitar as imposições que nós aceitamos e vão realmente libertar o mundo do preconceito.

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