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ABGLT pede a Faustão que pare com piadas homofóbicas

Em carta aberta enviada esta semana ao apresentador Fausto Silva, o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, criticou a maneira como a homossexualidade é citada no programa Domingão do Faustão, da TV Globo.

Reunindo algumas expressões que foram ditas pelo apresentador, como "gazela", "boiola", "libélula", entre outros, Toni Reis alertou sobre as  consequências que sofrem os LGBTs em decorrência da homofobia.

"Fausto Silva, você sabia que a maioria dos pais não gostaria que seus filhos fossem gays, lésbicas, travestis ou transexuais porque temem que seus filhos e filhas sofram violência, discriminação e por serem motivo de piadas de mau gosto e assédio moral?", indaga.

No final da carta, Toni Reis pede para que Fausto Silva contribua de "forma cidadã e divertida" com o combate à discriminação contra os homossexuais, e pede sua ajuda para divulgar a campanha "Não Homofobia".

Veja abaixo a carta na íntegra.

Fausto Silva,

Tomo a liberdade de me dirigir publicamente a você, infelizmente ao que parece meus e-mails anteriores  não chegaram  até  você.

Sou paranaense, professor, tenho 45 anos e vivo há 19 anos como meu companheiro David. Ano  que  vem completamos  nossas  bodas  de  porcelana.
 
Geralmente assisto a seu programa, principalmente às vídeos cacetadas. Te admiro pela inserção no seu programa de matérias e quadros de cunho social e principalmente pelo seu bom humor. Enfim, Faustão você é  gente boa. Sabemos por sentir isso e por declarações de muita  gente que fala de você como alguém muito generoso com todos. 

Seu programa  é muito assistido e admirado por milhões de brasileiros e de brasileiras. Você é referência nacional,como  apresentador.
 
Com certeza suas opiniões influenciam no comportamento dos seus(as) telespectadores(as).

Dirijo-me a você Faustão de uma forma, amistosa e gentil para falar do meu  descontentamento sobre a forma como você aborda a homossexualidade no Domingão do Faustão. Esse é nosso papel na luta pela inclusão social e respeito à nossa forma de ser.

Veja uns exemplos:
 
10/05/2009 – você referiu um "suposto" homossexual pelo termo GAZELA
 
17/05/2009 – você refere-se a um "suposto" homossexual pelo termo BOIOLA

17/06/2009 – diz que um “suposto" homossexual MORDE A FRONHA

17/06/2009 – No programa leva ao ar o comentário do participante Leandro Hassun : ISTO É UMA BICHONA!

2009 – refere-se ao suposto homossexual pelo termo LIBÉLULA
 
2009 – ao ver dois homens se cumprimentando, diz: ISTO É COISA DE BOIOLA!
 
Estes são alguns poucos exemplos durante os quais  a platéia  ri de uma situação que é muito triste no Brasil e no mundo: a Homofobia.
 
Fausto Silva, você sabia que em sete países há pena de morte para os homossexuais e 80 países criminalizam os atos homossexuais?  Que no Irã gays são enforcados em praça pública? 
 
Que na pesquisa da UNESCO publicada em 2004 consta que 40% dos adolescentes não gostariam de estudar com um gay, uma lésbica ou uma pessoa trans? Que se utilizam dos mesmos adjetivos listados acima para nos designar? Inclusive eu mesmo já fui taxado assim na escola nos velhos tempos. No programa Profissão Repórter do competente Caco Barcelos (exibido no dia 19/05/2009) a reportagem apresentou a triste história de Iago um adolescente de 14 anos que se suicidou porque era discriminado na escola.  Infelizmente isso é muito comum.
 
Faustão, você sabia que na última Parada LGBT (conhecida como parada Gay) de São Paulo 22 pessoas foram feridas com uma bomba que uma pessoa jogou de um prédio, e que numa Rua próxima a Praça da República -no final da parada – um gay de 35 anos apanhou tanto que sofreu traumatismo craniano e morreu?
 
Fausto Silva, você sabia que a maioria dos pais não gostariam que seus filhos fossem gays, lésbicas, travestis ou transexuais porque temem que seus filhos e filhas sofram  violência, discriminação e  por serem  motivo  de  piadas  de  mau   gosto e assédio moral?

Aqui em Curitiba, cidade em que vivo, no ultimo mês 6 travestis e um gay foram barbaramente assassinados. E aqui e outras cidades somos perseguidos por grupos de extermínio como skinheads. Nos últimos   20  anos  2992 pessoas LGBT foram barbaramente  assassinadas pelo simples fat ode serem LGBT,  segundo  pesquisa  do  Grupo Gay da Bahia.
 
O Código de ética dos jornalistas, (artigo n° 10, item d), a Resolução nº 489 do Conselho Federal de Serviço Social e Resolução nº 001/99 do Conselho Federal de Psicologia, todos determinam que os respectivos profissionais dessas áreas devam respeitar a orientação sexual e a identidade de gênero de todas as pessoas.Lutamos para que sejamos respeitados como cidadãos com  direitos e sem medo de viver.
 
Atualmente são realizadas no Brasil 150 Paradas LGBT, esses eventos têm como objetivo pedir respeito e consideração  a  nossa  condição de cidadãos e cidadãs. Inclusive, o próximo domingo – 28 de Junho – é o Dia Internacional do Orgulho LGBT, e será comemorado em várias cidades no Brasil e no mundo inteiro.
 
O atual governo federal elaborou o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com 180 ações contra a homofobia e a favor do respeito à diversidade humana, fruto de conferências LGBT nas 27 unidades da federação e da 1ª Conferência Nacional LGBT, cuja abertura foi prestigiada pelo presidente da república.
 
No Congresso Nacional existe uma Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT com 250 parlamentares (deputados(as) e senadores(as)) participantes que querem a criminalização da homofobia.
 
Neste sentido, Faustão, gente boa, gostaria muito que ao se referir a LGBT ou pessoas supostamente LGBT, você se dirigisse com mais respeito, na  boa  mesmo.  Sem  ressentimentos.
 
Piadas e chacotas podem levar adolescentes a cometer suicídio, podem levar pais e mães a expulsarem seus filhos de casas, podem reforçar atitudes violentas contra LGBT.

Faustão é triste e é dolorido ser discriminado. Sei que você nunca quis fomentar a violência, por isso Faustão nos ajude a diminuir a discriminação no Brasil.  Não  encare  isto  como  censura ou policiamento  do  politicamente  correto.
 
Afinal, nossa constituição é clara nos seus  artigos 3º  e  5º quando  diz todos são iguais e não haverá discriminação de qualquer natureza.

Vamos construir um Brasil em que caibam todas as cores.
 
Vamos viver em harmonia como as cores do Arco-íris.
 
Se a cultura é adquirida, conforme definiu Lévi-Strauss, também pode ser mudada. Nos ajude a mudar essa cultura homofóbica.
 
Para citar também Nelson Mandela:
 
Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.
 
Por meio desta carta aberta peço que de uma forma cidadã e divertida nos  ajude a combater  a violência, a discriminação,  preconceito e principalmente as mortes  contra a comunidade  LGBT.
 
Conto com você e ajude-nos a divulgar a campanha
www.naohomofobia.com.br que pede pela aprovação da Lei que criminaliza a Homofobia.
 
Um  abraço,

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