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Criador de lhasa, dono de clube gay é acusado de ameaçar pessoas com pit bull


Em reportagem publicada hoje (25/06) no jornal Folha de São Paulo, moradores da rua Frei Caneca acusam um dos donos do clube A Lôca, Anibal Aguirre, de intimidá-los com um cachorro da raça pit bull após assinarem manifesto pra fechar a casa, ação que é promovida pela Associação dos Moradores de Cerqueira Cesar (Samorcc). Anibal, que vive em um apartamento e nem poderia ter um cão de grande porte, tem sim um cachorro, a Soraya, que é uma lhasa apso e vive que com ele há três anos.

Tudo começou quando, há um ano, foi lançado o projeto para se fazer da Frei Caneca a rua gay de São Paulo. A ideia é apoiada por alguns empresários do mercado GLS e é encabeçada por Douglas Drumond, da ONG Casarão Brasil. Segundo os apoiadores da iniciativa, isso atrairia investimentos e aumentaria o fluxo de turistas.

Porém, a possibilidade do fato se tornar realidade irritou bastante a Samorcc, que é presidida e representada por Célia Marcondes. Segundo Julio Balderman, dono do clube A Lôca, "a Samorcc acredita que fechando A Lôca toda a vida gay morre na rua Frei Caneca", que revelou ainda que a casa está sofrendo uma perseguição sistemática. "Até um Inquérito Civil na Promotoria do Meio Ambiente, que estava arquivado, foi reaberto a pedido da Samorcc."

À reportagem do site A Capa, Balderman disse que não apoia a ideia da criação de uma rua gay, pois é contra guetos. Sobre as denúncias que a associação está fazendo ao Psiu e a outros órgãos da Prefeitura, ele diz: "Já vieram aqui cinco vezes para vistoriar a casa e não encontraram nada de errado". O empresário também deixa claro que o clube possui alvará. "Estamos completamente legais", afirma.

De acordo com o empresário, a Samorcc faz da perseguição aos clubes GLS "a sua principal atividade". A reportagem descobriu que os clubes Sogo, Ultralounge (que já foi fechado), a sauna 269 e até a ONG GLS Casarão Brasil, que também está localizada à rua Frei Caneca, já sofreram algum tipo de ação promovida pela entidade.

Para se proteger de ofensivas futuras que visem fechar o clube, a boate A Lôca está promovendo um abaixo-assinado junto às pessoas que são contra o seu fechamento. Já foram colhidas mais seis mil assinaturas. " O abaixo-assinado já conta com políticos, artistas famosos, estilistas e pessoas da comunidade", antecipa Balderman. Para o empresário, a casa é um patrimônio cultural da cidade. Para deixar sua assinatura, clique aqui.

Do outro lado
A reportagem tentou contato com a presidente da Samorcc, Célia Marcondes, porém, ela está na França. A vice-presidente da associação, Paula Rolin, revelou não ter conhecimento do assunto. "Olha, quem está cuidando disso é a Célia, mas ela está viajando", falou. Rolin também não soube informar sobre a existência do abaixo-assinado. "A única coisa que eu sei é que há muita reclamação contra a Lôca", disse.

Questionada se a Samorcc tem alguma restrição contra homossexuais que frequentam a rua Frei Caneca, a vice-presidente negou e disse que a associação não é contra gays. "Mas não queremos abraçar uma bandeira que não é nossa", afirmou sobre o projeto de transformar a via em uma rua oficialmente gay. "Aqui tem muitas pessoas que não são homossexuais e que apenas convivem com os gays, se é que você me entende."

Paula Rolin explicou ainda que a posição contrária ao projeto não nasceu dentro da associação. "Foram moradores que nos procuraram e exigiram que fizéssemos alguma coisa, pois eles temem que, caso o projeto seja aprovado, fiquem estigmatizados por morar numa rua considerada gay", finalizou.

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