in

Adoro uma festa, mas quero a minha casa

Sou notívago, fanático por festas, clubes e toda a cultura de noite de um modo geral. Isso não começou hoje, não começou quando a The Week surgiu, não começou quando as pool parties começaram. A primeira vez que fui em um clube eu tinha 14 anos, era um menino.

Frequentava ainda clubes héteros, não conhecia o lado gay da noite e mesmo assim me diverti muito durante os dois anos em que ia quase semanalmente em alguns lugares, entre eles na Broadway, local onde hoje abriga a Flexx. E olha, eu já gostava de meninos e colocava em prática. Lembro-me bem de alguns garotos que eu beijei lá, bem escondido, mas beijava quase sempre. Teve um que até meio que me apaixonei, nos encontramos lá umas cinco vezes, ele chamava Junior, tinha 17 anos, mas não passou de umas ficadas…

A primeira vez que pisei em uma boate gay foi na Diesel/Base, do querido Sérgio Kalil. Eu gostava de ir de domingo, era menor, mas eu dava um jeito de entrar e isso não é segredo, né? Quem, quando adolescente, não deu um jeitinho brasileiro para ir naquela festa incrível?!

Fiquei maravilhado de ver um clube onde homens se beijavam sem qualquer pudor, sem ter que se esconder no banheiro ou então num cantinho bem escuro para ninguém ver, afinal lá era totalmente permitido. E eu me divertida muito com os shows. Me lembro de nomes que hoje vivaram contatos diários e naquela época eram personagens bem distantes para mim.

Os anos passaram, comecei a trabalhar no mercado gay e minha relação com aquelas pessoas passou de espectador para profissional, o que me deixa bastante feliz. Mas esse passo apenas fortificou ainda mais meu gosto pela noite. Sempre fui daqueles que os amigos sempre sabiam onde estaria na quinta, na sexta, no sábado… Puerto, Ipsis, Email, Massivo, Alegro, Ultralounge… Os tempos quentes da Consolação com a Itú… Tantos clubes onde vivi ótimas histórias.

Em 2008 eu resolvi anotar em um calendário todas as festas em que eu fui e no fim do ano fiz a contabilidade. Chegou próximo a 200 festas em 365 dias do ano, alguns dias que cheguei a ir em três lugares na mesma noite. Muito legal, muita boa história.

Mas este fim de semana resolvi fazer algo atípico para mim. Decidi que não ia sair de casa, não queria beber nem uma cerveja, nada. Queria cuidar de mim, da minha casa que tanto gosto, da minha varanda que é minha paixão, cuidar do jardim e mesmo não tenho ido para nenhuma festa estive com amigos queridos, que vieram aqui em casa para papear, fazer brigadeiro de panela e beber cerveja – eu pulei essa parte.

Hoje acordei com bastante pique. Acordei cedo e fui pra aula, tive uma deliciosa aula sobre Comunicação Institucional e Gerenciamento de Crise, incrível. Depois fui para o trabalho, resolvi pendências, tive ideias, criei coisas. Cheguei em casa ainda com energia, fiz um jantarzinho gostoso e estou aqui escrevendo este texto.

O resultado não poderia ser melhor. Tive um fim de semana maravilhoso, sem jogação, sem ressaquinha de domingo, sem mau humor na segunda. Percebi que é isso que quero, cuidar mais de mim, me jogar menos e ter uma vida mais saudável. Não estou fazendo campanha contra clubes, mesmo porque não vou deixar de frequentar os lugares que gosto, só não quero mais excessos de cinco festas a cada fim de semana. De começar no bar da Lôca na sexta e só parar na Cantho, na segunda, às 5h.

Ignorancia ou preconceito?

Papo sobre sexo, amor e loucuras