Uma fotografia da atriz Rogéria, parte de uma exposição montada no Salão Negro da Câmara dos Deputados, foi proibida de ser exibida após determinação da direção da Casa. A imagem integra a exposição Heróis do fotógrafo Luiz Garrido e mostra-a vestida de camisa social e gravata.
A fim de evitar a retirada da foto, os organizadores improvisaram uma cabine, com entrada única, deixando-a isolada. Na entrada, lia-se o aviso: “Por determinação da Câmara dos Deputados, esta cabine acolhe a fotografia de Rogéria, cuja exibição aberta ao público não foi permitida”.
“Isso é arte, não é uma violência. Para não retirar a foto, que faz parte de um conjunto, foi colocada a cabine. Só acho que fica muito mal para a Câmara”, disse à Folha de S. Paulo Carla Osório, diretora da exposição.
"A foto da Rogéria tem mais de dez anos, já foi exposta até em prédios públicos. Isso é um ranço da época da ditadura", disse o fotógrafo.
Silvia Mergulhão, diretora de relações públicas da Câmara, citou os artigos 17 e 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente para justificar a ação. Os artigos falam em “inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral” da criança e sua proteção contra “tratamento desumano, violente, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Em entrevista à Folha, Rogéria considerou a decisão uma censura e botou mais lenha na fogueira:
“É suspeito que o Congresso censure. Quando um cara tem consciência de sua masculinidade, esse tipo de coisa [a foto] não o afeta”, alfinetou.
“Eu não posaria nua, de pau para fora, jamais, a não ser que me pagassem R$ 50 milhões para eu não me arrepender never. Aquela foto é uma brincadeira com o Astolfo [Barroso Pinto, seu nome verdadeiro]”, completou Rogéria.
A exposição conta com fotos de outras personalidades, como Oscar Niemeyer, o técnico Zagallo e o presidente Lula.