Num país altamente conservador e com grande parte fundamentalista, a frase da psicóloga e escritora Valerie Tarico pode parecer utópica. "Está na Bíblia que se deitar com outro homem é abominação", dirão alguns.
Mas ela discursa e prova que a Bíblia fala de outros trechos que nada se assemelham à moral humana. E que ela se transforma (e até deve mesmo), na sociedade.
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Quer exemplos a não ser seguidos sobre valores da família e que está escrito na Bíblia? Segundo o livro, quando um homem morre sem filhos com a sua esposa, é o irmão do falecido que tem como obrigação engravidar a cunhada viúva (Mateus, capítulo 22). Alguém defende essa prática hoje em dia?
Ou então, quando fala-se em poligamia em Samuel, Capítulo 12. No livro, Deus fala por meio do profeta Natã sobre as esposas (sim, no plural) de Davi, dizendo que, se não forem suficientes, providenciaria mais. E no primeiro livro de Reis, no Capítulo 11, há 700 esposas e 300 concubinas de Salomão. Olha os valores cristãos, da família e pró direitos da mulher que está na Bíblia!
Mais um trecho no mínimo polêmico e que ninguém se atenta – e nem deveria mesmo – é o que se refere a posse de escravas. No capítulo 21 de Êxodo, um homem quer vender a filha como escrava e, caso ela não agrade o comprador (sexualmente), deverá ser libertada. Ou então quando Ló teve relações sexuais com as próprias filhas descritas em Gênesis, capítulo 19. Foi do incesto que surgiram os povos moabitas e amonitas.
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Valerie diz que muita gente defende que o Antigo Testamento é diferente do que aparece no Novo. Mas ela afirma que muitas passagens reforçam muitos conceitos. Ela afirma que a relutância de aceitar a modernidade das relações está no fato de a Bíblia teorizar a manutenção do status quo – a de que a sociedade não deve alterar nada do que foi escrito.
E afirma que, assim como esses e outros trechos não devem ser seguidos e são vistos como absurdos hoje em dia (o que não foi durante muito tempo em nome de Deus), a discriminação de homossexuais não deve ser o caminho e nem a orientação. Sendo assim, o futuro é permitir com bastante naturalidade as relações homossexuais e ainda vê-las como "a vontade de Deus".