Cerca de cinco pessoas compareceram ontem (25/01) à manifestação em solidariedade as vítimas do Parque dos Paturis, em Carapicuiba, na Grande São Paulo, onde foram assassinados 13 homossexuais entre julho de 2007 e outubro de 2008.
A organização do ato ficou nas mãos da Ong Igualeunão, na pessoa de seu presidente Edivaldo Esteves. Programado para começar às 15h, o protesto teve início quase quarenta minutos depois devido a falta de público. "Disseram que viria uma caravana do Fórum Paulista, vamos esperar", explicou Esteves momentos antes de o ato tomar corpo a reportagem de A Capa, presente no local.
Segundo Esteves, depois que o caso das mortes foi notícia na grande imprensa, o parque contou com reforço na segurança. "Diz o novo prefeito [Sergio Ribeiro] que irá cercar o parque, como é o Ibirapuera, fazer uma única entrada e colocar uma base fixa da polícia".
Do alto do carro de som, Esteves agradeceu o apoio material da APOGLBT – Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo -, da CADS -Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual – e do Grupo CORSA – Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor. Também foram citados o grupo LGBT do PDT da cidade, e o Forum Paulista. Registre-se que nenhuma das entidades esteve presente.
Após falar sobre as mortes ocorridas no local, Esteves chamou atenção para a campanha "Não gaste seu dinheiro onde não pode trabalhar", iniciativa de movimentos sociais para incentivar a contratação de trabalhadores negros no mercado de trabalho. O presidente da Ong leu também o texto "Sem armas eles matam muito mais" de sua autoria, que serviu de homenagem ao recém-empossado presidente dos Estados Unidos Barack Obama, e falou sobre a morte de negros no sistema capitalista.
Tarcísio Lira, presidente do PT de Carapicuíba, foi o segundo a falar. "Saudações companheiros e companheiros. Membros dos movimentos sindicais e sociais, este será o primeiro de muitos atos que faremos para diminuir a violência neste parque", começou. Neste momento, o público não passava de dez pessoas. Algumas crianças empinavam pipas de isopor e andavam de bicicleta, sem entender muito bem o que estava acontecendo no local.
"Sou amigo pessoal do prefeito e companheiro de lutas, Sergio Ribeiro, e posso garantir: queremos transformar este local em um centro de lazer. Temos quatro anos pela frente para resolver estes problemas. Pegamos uma cidade arrasada, transformada numa área de guerra e estamos trabalhando para que não aconteça o que tem acontecido", disse.
Depois Esteves voltou a falar. Criticou o descaso do governo Estadual com os assassinatos. "O governador José Serra só aparece aqui em Carapicuiba quando é ano eleitoral. Na época, Serra declarou que estava preocupado com os ataques. Por que então não tomou providências desde o princípio?", questionou.
"Aqui neste parque, morreram mais pessoas do que no desastre da Igreja Renascer. A questão não é de competição de onde morreram mais, é das vidas que foram perdidas e do descaso". A poucos metros de onde estava o carro de som, a reportagem de A Capa registrou a imagem de uma suástica, simbolo nazista, grafada em um poste.
O protesto terminou por volta das 17horas, com a fala de Marcia Gibin Garcia, explicando sobre as diferenças entre hetero, homo e transexualidade.