Nesta quarta-feira, um dos maiores cinemas de sexo explícito da cidade amanheceu interditado ontem pela prefeitura: o Cine Paris, na famosa esquina da avenida Ipiranga com São João, cantada por Caetano Veloso em "Sampa". Alguma coisa acontece no coração da pegação…
No Largo do Arouche, outro gigante do pornô gay também sucumbiu mesmo após uma reforma em dezembro. O Cine Arouche era point de ursos e maduros. Na Ipiranga, também fechou o cine Windson.
Essas são as últimas vítimas da "higienização" do centro, processo que começa 2009 em estágio avançado. É o fim da era dos cinemões. Já foram fechados mais de 50% do total de estabelecimentos monitorados pelo "Guia GLS SP" desde 2006.
Procurada por Destaques GLS, a Subprefeitura da Sé informou que os estabelecimentos interditados não possuem licença de funcionamento. É verdade. Desde 2006, existe um lista elaborada por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) apontando os lugares irregulares, alvos da fiscalização. Os cinemões integram esse relatório final.
Desmontar a "indústria do pornô" é um dos passos do projeto de revitalização do centro. Em 2008, foram desapropriados os cines Saci e Cairo, no Anhangabaú, pois a prefeitura quer inaugurar por lá um complexo cultural (Praça das Artes) em 2010, ano eleitoral.
O fechamento desses lugares detonou dezenas de protestos na comunidade Cinemões de São Paulo, no Orkut, que tem mais de 1.700 participantes. Os habitués comentam que novas interdições estão a caminho.
"Fechar cinemão, sauna, puteiro não é tarefa de prefeito. Se fechou é porque houve motivo. Eles lacram, fazem um rebuliçozinho, mas amanhã os estabelecimentos estão funcionando a todo vapor", diz Juninho Glamm, dono da comunidade Cinemões de São Paulo, que defende a fiscalização.
Motivos não faltam. As instalações precárias de muitos cinemões são uma bomba relógio, colocando em risco a vida dos frequentadores. Os donos demoram a investir em melhorias, e alguns ainda evitam exibir filmes gays.
Em julho de 2002, um incêndio matou um homem no Novo Cine Studio, considerado o primeiro cinema gay do país, na rua Aurora, uma região que, nos anos 70, concentrou estúdios de pornochanchadas.
Por outro lado, as interdições privam os gays de mais um espaço de válvula de escape e alimentam discursos puritanos e moralistas. Foi o que se viu, por exemplo, em Nova York, que acabou com cinemões e saunas por questões de vigilância sanitária e para reduzir criminalidade. No Rio, fecharam quase todos, e quem sobrou vive em estado de decadência, como se vê na região do largo da Carioca.
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O passado condena
Alguns evangélicos gays puxaram a orelha do cantor gospel Jeff Moraes, que revelou seu passado de michê e ator pornô na última edição de Destaques GLS. A entrevista gerou uma ciumeira e troca de acusações no meio religioso GLS. A igreja teme perder fiéis e desautorizou Jeff de se apresentar como "pastor". Na comunidade da igreja no Orkut, ele ainda aparece como membro. Nos bastidores, o cantor foi também comparado a figuras como Carla Perez, Gretchen e Regininha Poltergeist, que viraram evangélicas após trabalhos eróticos e que topam tudo para se manter na mídia. Jeff atribui a cobrice a uma disputa entre cantores do gospel e jura, de pés juntos, estar em dia com o dízimo à igreja. Prova dos nove: Faria pornô de novo? Olha só a resposta dele: "Uma proposta sempre é analisada".
TV bissexual
Lésbica convicta seduzida por garanhão? É o que aconteceu na 5ª temporada da série "Nip/Tuc" (Estética, no SBT), em exibição nos EUA. A anestesista Liz, papel da excelente atriz Roma Maffia, transou com o cirurgião plástico Christian, vivido pelo bonitão australiano Julian McMahon. A noite de sexo (no Youtube: tinyurl.com/ane8p4) irritou algumas lésbicas, que acharam forçada a bissexualidade da personagem. É só lembrar que Liz namorava Poppy, interpretada pela cantora Alanis Morissette. Em março, a Fox promete voltar a exibir o seriado no Brasil.
Filhote de diva
Aposta forte de 2009, a cantora britânica Vanessa Brown (ou VV Brown, como prefere) já foi vocal de apoio de Madonna e agora se prepara para virar diva de quem curte o R&B e soul com toque retrô. A gravadora Island Records não poupa esforços. O clipe de "L.E.A.V.E!" (Youtube: tinyurl.com/7b8q7t) põe VV dentro de uma caixa. O cabelo é estiradíssimo, com uma trouxa na frente. Claro que logo se comparou o estilo dela com Amy Winehouse. Quem é mais velho sabe que todas elas "bebem" na fonte das divas da lendária gravadora Motown, nos anos 60. Para ouvir: www.myspace.com/vvbrown.
Marchinhas gays de Carnaval
Ligue o som bem alto neste Carnaval e saia do armário. Não precisa falar nada. O duo Solange Tô Aberta! faz isso por você. Escolha bem onde colocar seu som, fuja da polícia e mande ver nos hits da dupla Paulo Belzebitchy e Pedro Costa. Comece com uma crítica à atitude poser do mundinho. "Elas vão pro shopping comprar uma roupa cheia de tachinha pra se sentir moderninha", diz a letra "Punk de Boutique". Depois ponha pra tocar "Dama de Pau", um hino das travas: "Eu sei que eu tenho o que o seu marido gosta: uma carinha de boneca e uma piroca bem grossa".
Agora faça a linha intelectual e choque os foliões com a letra de "Fuder Freud": "Freud não tira a pica da cabeça. Eu vou fazer uma orgia com Freud, Yung e Lacan". Não pare de bater o cabelo e de pedir aplausos à multidão passada. Para encerrar, é hora de tocar "Vamu pro Motel": "Eu fiquei passando mal com aquele dotadão, com o dedo na boquinha, fiz charminho, fiz carão. Ele olhou pra mim, olhou pro pau, olhou pra mim, pegou no pau". Baixe tudo no www.myspace.com/solangetoaberta. Após o coió na praça, culpe a bebida e volte pro armário.
* Sérgio Ripardo é jornalista e autor do "Guia GLS SP" (Publifolha). Fale com ele: sergio.ripardo@uol.com.br