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Divã: O caso Uniban

Olá queridas leitoras. Realmente não sei, mas estou equivocada ou as pessoas deste nosso imenso mundo estão cada vez mais retrógradas, na maneira de pensar e agir? O que foi aquele incidente na Uniban?

Sei que estou aqui para falar sobre questões que envolvam nossa psique e o que nos leva a ser do jeito que somos, porém, este caso me deixou tão perplexa que acho interessante questionarmos sobre ele.

De repente uma aluna da faculdade decide ir à aula, no período noturno, com um vestido (que ao meu ver não era nada absurdo!) curto, que realçou suas formas e promoveu em um “bando” de estudantes uma reação tão agressiva e ostensiva contra sua forma de agir que ela foi obrigada a sair sob escolta policial.

Vimos uma verdadeira histeria coletiva em ação. Atitudes que foram tomadas ali naquele momento não foram condizentes com pessoas que se diziam civilizadas, informadas e, para completar, com possibilidade de estarem numa faculdade e serem futuros profissionais que irão provavelmente atuar no mercado de trabalho e, quem sabe, serem nossos próximos médicos, dentistas, psicólogos, engenheiros, advogados…

Tenho medo de imaginar que eu sendo mãe de uma menina posso passar por esse tipo de agressão caso ela venha um dia a colocar uma sainha um pouco curta. Tudo isso ocorre por falta de educação básica de nossa população, por machismo por parte da parcela masculina que a recriminava, por inveja por parte das mulheres que incentivavam a discriminação? Me digam, porque ainda, no mundo de hoje, atitudes como essa são vistas?

O que mais me deixou impressionada foi a atitude que a instituição educacional tomou: expulsaram a estudante e alegaram que a atitude dos demais estudantes estava correta e que ela realmente “provocou” a situação. Isso me lembrou também aquela famosa frase de Paulo Maluf: “estupra mas não mata!”, querendo dizer que os homens têm mesmo um instinto aguçado e que as mulheres que “provocam” sofrem as consequências.

Medo. É a palavra que mais me suscita tudo isso. Agora, consequências existem sim, para ambos os lados, para a agredida fica a eterna culpa, culpa por ser mulher, culpa por se imaginar como uma transgressora.

Do lado dos agressores surge a dúvida: o que fez destas pessoas as pessoas que hoje são? Sofreram no passado? Sofrem no presente algum tipo de discriminação? São simplesmente movidas por uma falsa moralidade ou acreditam realmente que a aluna foi amoral e imoral?

Ao meu mero entendimento como psicóloga, mãe e mulher percebo que cada vez mais estamos nos distanciando de valores que realmente importam e nos transformam em seres humanos dignos e sãos para vivermos em sociedade e comunidade, valores como o respeito e o amor dão espaço à violência, ao desrespeito e a algo que deveríamos deletar de nossas vidas de uma vez por todas: o preconceito.

Obs: A todas nós que de uma certa forma conseguimos nos livrar de qualquer julgamento moral e retrógrado, não nos deixemos intimidar, jamais!

* Regina Claudia Izabela é psicóloga e escreve quinzenalmente neste espaço. Para participar com perguntas escreva para claudia@dykerama.com.

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