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Do fim ao começo

Ando meio impaciente para blog, por isso estou meio ausente. Mas queria comentar duas coisas que achei interessante por esses dias e resolvi compartilhar com a meia dúzia de seres que leem esse blog. Se leem.

A primeira é o vídeo com as cenas dos erros de gravação do filme "Do Começo ao Fim". É interessante quando empresas grandes contratam blogueiros para trabalhar algo nessas redes sociais. Foi assim com Nome Próprio, inspirado nos livros da Clarah Averbuck. Está sendo assim com "Do Começo ao Fim" e "Besouro".

As cenas de bastidores com os erros são engraçadas, fofas. Mas penso no quanto isso não inverte a ordem natural das coisas. Isso porque o "padrão" seria guardar essas cenas a sete chaves e liberá-las depois que o filme sair em DVD.

Mas como falamos em cinema nacional, pisamos num terreno meio lodoso ainda. Se a estreia de um filme é considerada vitória, sair em dvd é quase ir pra lua. Alguém dia desses disse que o Brasil não reconchece seus heróis. Acho que foi o guitarrista do Nação Zumbi, no festival de política da Trip. Mas ele estava citando alguém.

É engraçado que um filme gay promova esta inversão. Não custa lembrar que a própria homossexualidade ainda é tida como uma inversão da norma heterossexual. Na época do Festival Mix Brasil no ano passado lembro de ter ficado inconformado com a pouca produção nacional cinematográfica sober o tema homo em comparação a Israel.

A Mostra Mundo Mix homenageava Israel com nada menos que dez filmes. Todos realizados entre 2007 e 2008. Um amigo disse que o investimento nessa temática pode ser uma afronta aos palestinos, não necessariamente o reconhecimento dos direitos das bichas. Vai saber. Não que as notícias aqui sejam muito diferentes, mas a gente só ouve sobre guerra quando tem notícias sobre Israel.

Mas enfim, o Brasil tem sim investido na produção de filmes gays: "Quanto Dura o Amor?", "Do Começo…", "Elvis e Madonna", "Meu amigo Claudia" e ainda tem o filme com Ana Paula Padrão Arósio, o da Carolina Ferraz. Não é coincidência esses filmes estrearem por agora ou estarem em fase de produção. E antes, de exemplo recente, só tinhamos Madame Satã. Porque o Brasil bem tem uma coleção de filmes homoeróticos ou que abordam a questão e que ninguém encontra hoje em dia.

É "só" dar uma lida no "Devassos no Paraíso", do escritor João Silvério Trevisan pra ver isso. O próprio Trevisan dirigiu um longa que foi censurado durante a Ditadura Militar e deve ser lançado ainda em DVD, segundo ele disse a um programa de TV.

A segunda coisa que eu queria falar é sobre a pirataria e os piratas. Não os Piratas do Caribe, o Partido Pirata. Não sei se vocês já ouviram falar, mas esse Partido ganhou um pouco de força na Europa nas últimas eleições e conseguiram eleger alguns parlamentares. As principais bandeiras são pelo compartilhamento de arquivos e conteúdo.

São a favor de software livre e da discussão acerca da ilegalidade/legalidade de downloads de filmes e músicas. Defendem o conceito de "pirata" como próximo a liberdade, já que os piratas antigos não escravizavam, diferente das nações mercantis. No Brasil a discussão sobre um Partido Pirata estão começando. Ainda tem todo o trâmite de decidir se ele será oficializado um partido – o que acho uma boa ideia – e se for tem que colher assinaturas e coisa e tal, ou se atuará livremente – que também é uma boa ideia.

Em todo caso, pirataria e homossexualidade tem tudo a ver. Primeiro porque lutamos por "liberdade". Eu pelo menos quero amor e sexo livre. Sem tabus, encanações, repressões e moralismos. Segundo porque é a pirataria, o advento da internet e a difusão da banda larga  que tem aberto as portas e alargado o acesso dos gays ao compartilhamento de contepúdo e cultura.

Um exemplo é o blog gayload, que posta com certa regularidade links para filmes de temática homossexual com suas respectivas legendas. Há títulos ótimos, clássicos e atuais, que só chegaram para nós por meio do MixBrasil, no melhor estilo viu viu, não viu azar. Para quem não tem TV paga, é a internet que propicia o download de séries como Queer as Folk, The L Word, Skins, Xena e tantas outras que de certa forma tratam sobre o tema.

Algumas das séries e filmes nem DVD físico existem no Brasil para seren comercializados. Ou seja, por equanto ficamos alheios a esse debate. Continuamos ilegais. E derrubando o mito do pink money, não é toda bicha que tem dinheiro pra gastar com toda sorte de luxo. A pirataria é uma mão na roda que serve pobres e ricos.

Por falar em debates, o Partido Pirata tem uns fóruns onde se discutem outros temas além da inclusão digital livre e free e o compartilhamento. A homossexualidade ainda não foi tópico lá, mas a julgar por uma discussão sobre cotas para negros em universidades o que poderia ser um sinalzinho de quebra de paradigmas e revolução pode ser uma verdadeira celebração do status quo.

Aparentemente negros não postaram no fórum. Embora alguns artigos apresentados que levantarem a conversa fosse pró-quota a esmagadora maioria era bem conservadora e contra esse sistema. Se esse debate "reformulador" acontecer mas for regido por essa ideologia "branca, heterossexual, classe média" não dá nem pra começar a brincar.

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