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Duílio Ferronato conversa com A Capa, sobre o blog, a coluna, militância e noite gay

No próximo dia 21, completa um ano que o designer de móveis e arquiteto Duílio Ferronato assina a coluna GLS, na Revista da Folha, encarte dominical que vem junto com o jornal. Duílio divide o espaço destinado a gays lésbicas e simpatizantes ao lado de Vange Leonel, de quinze em quinze dias. O belo moço de 43 anos com corpinho de 23 falou com o A Capa, numa conversa super à vontade e pra lá de descontraída sobre como surgiu a possibilidade de assinar a coluna e o convite que recebeu para estrear um blog na Folha Online, há pouco mais de um mês. Na entrevista Duílio, conta a experiência de ter um blog e claro que falamos sobre seu envolvimento com a cena e a militância gay. Como surgiu o convite pra assumir a coluna GLS na revista da Folha? Eu já escrevia há algum tempo. Escrevia para aquela revista TPM e pra G Magazine, algumas coisas também. Acho que fiz duas matérias pra G e algumas pra TPM. Aí a editora [da Revista da Folha] começou a perguntar, fazer uma pesquisa de quem poderia escrever a coluna e algumas pessoas da Folha me indicaram, fiz aquelas matérias testes e passei em primeiro lugar. E porque você aceitou o convite da Folha? Sua formação é comunicação visual e arquitetura, nada a ver com escrever… Mas escrever sempre foi uma coisa que eu queria fazer, sabe? E eu acho que foi um caminho que eu abri… E como foi esse processo? Rolou alguma briga, um desentendimento como o André? Não, a gente é bem amigo e ele já tava há um tempo ensaiando de sair, mas nunca tinham conversado sobre isso e quem ia ficar no lugar dele. Acho que foi meio um comum acordo. Sabe quando as pessoas vão conversando mas não falando muito bem? Conversaram lá e acharam melhor que ele ficasse como colaborador e não mais como colunista. Dez anos escrevendo uma coluna é muito tempo, né? Senão fica meio desgastado. E para o blog? Como surgiu o convite? Começou, eu acho, por causa da repercussão da coluna. Que teve muita repercussão. Lá na Folha Online tem um monte de bicha. Eles ficavam lendo e ficaram insistindo pro editor, que não é bicha, me convidar. Aí eu aceitei… E eu comecei a fazer e teve uma repercussão gigante, tem dia que eu recebo 400 e-mails. Então seu blog está fazendo bastante sucesso? Ah é, eu acho que é um dos blogs mais visitados da Folha Online. Acho que o seu e o da Soninha devem ser dos mais visitados… A Soninha tem grande repercussão, primeiro que ela está há muito tempo fazendo isso né, e ela também sempre fala sobre futebol. É um assunto que chama muito a atenção, né, todo mundo gosta. Eu acho que o meu depende um pouco do dia… Mas gay também chama muito a atenção… Mas eu quase nunca falo de assuntos gays no blog, né? Não, é verdade, tirando uma conversa com uma travesti, uma coisa ou outra… É, principalmente na coluna uma das coisas que as pessoas estranharam muito foi que eu preferi ficar longe dessa coisa totalmente militante. Eu falo de um gay que é um gay que não fica num mundo gay, eu faço todas as coisas que qualquer pessoa faz, na coluna e no blog, em todo lugar. Ser gay é uma parte da minha vida e não 90%, igual algumas militantes e algumas pessoas que vivem nisso o tempo inteiro. Eu acho que uma das coisas que teve uma boa repercussão na coluna foi essa nova cara, porque a Vange, por exemplo, está ali o tempo inteiro, militando, falando desse assunto. Eu escrevo pra todo mundo, não escrevo só pra gay, é um gay escrevendo… A Vange uma vez falou que toma esse cuidado, que na G escreve coisas para os gays, diferente da coluna. Imagina, a Vange é super viciada, ela faz a militância o tempo inteiro. Por falar em militância, muitos militantes não gostam da sua coluna, o que você acha disso? Eu acho que os feios, os gordos, os pobres não gostam. No entanto gente bem resolvida gosta sim. Você já foi nessas coisas de militantes, discussão? Umas pessoas horrorosas, sabe? Outro dia eu fui a uma militância, era um monte de gente feia, um monte mesmo. Com cara assim de funcionário público, meio que mal pago. Essa gente frustrada, que fica com o namorado de mão dada o tempo inteiro. Bem feinho o namorado também, com cara de pobre. Meu, é por isso que esses caras não gostam de mim. Não sou nada disso, não sou pobre, não sou feio, não sou gordo e eu não tenho nada contra os pobres feios, mas também não gosto muito… E eles também não devem gostar mesmo muito de você. Não, imagina, nunca. Tem muita gente que acha suas colunas polêmicas, você acha isso também? Não, eu acho que não. Uma coisa que eu acho que aconteceu no jornalismo foi que as pessoas começaram a escrever pra todo mundo, muita gente; alguns colunistas escrevem pra todo mundo, então ficam em cima do muro o tempo inteiro. Eles não tomam uma posição, não falam “eu gosto disso”, “eu gosto daquilo”, principalmente os jornalistas mais velhos. Até a ordem da direção, vem pra uma coisa assim, sabe: “manera aqui, manera ali”. Então quando você dá sua opinião é um caos e nem é nada polêmico, eu só falo do que gosto e isso não é nada especial é o que todo mundo faz, só que ninguém fala, sabe? Na rua você escuta as pessoas falando, mas todo mundo tem medo de falar ou escrever, porque querem contemplar os dois lados. É legal isso, um jornalismo que contemple os dois lados, mas vai dizer que jornalista não tem opinião? É, realmente, não tem como ser tão imparcial… É ele fica fingindo que não tem, e dá aquela opinião por trás dos panos. Eu não, não tenho opinião fingida de nada, falo o que eu acho, quando eu gosto. Tem até gente que fala que eu falo muito bem de amigos e falo muito mal de quem não é meu amigo. E isso é totalmente absurdo, porque eu falo mal dos meus amigos e quando essas pessoas chatas acertam, eu falo bem deles também. Você é tímido? Acha que o blog dá muita exposição pra você, até mais que o site ou as pessoas querem saber mais sobre a sua intimidade? Não, muito pelo contrário. No blog eu libero até uma certa parte, mas os comentários que são muito pessoais eu apago. Tipo aqueles perguntando o tamanho do meu pau (risos). Essa foi uma das perguntas que os meninos sugeriram pra eu perguntar… Essas coisas sempre me perguntam…Perguntam se eu sou ativo ou passivo. Mas essas coisas eu apago, porque não faz muito sentido isso. Todo mundo quer saber, mas se eu contar também perde a graça, se eu contar eu vou comer quem depois? [risos] Mas você não namora, é casado? Namoro sim, sou super-casado. Você sai muito à noite? Quais são seus clubes preferidos? Saio, eu gosto mais do Vegas e da Loca. Quais dias você prefere pra sair? Eu vou, às vezes, de sexta pro Vegas. Esses lugares bem, bem gays, assim tipo The Week, esses outros eu detesto, eu não gosto, aquele lugar que chama Cantho aqui no centro, não gosto de nenhum, não me divirto nessas coisas.

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