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Empresários querem montar associação GLS em São Paulo

Um grupo de empresários gays ou que atuam no mercado GLS da cidade de São Paulo se reuniu na noite de ontem para discutir a criação de uma associação que fortaleça o setor. O encontro foi promovido por Douglas Drummond, da associação Casarão Brasil e sauna 269.

Este é o segundo evento do gênero que acontece na cidade, mas teve diferenças estruturais bastante significativas em relação ao antecessor. O grupo pretende, agora, realizar encontros mensais para decidir o foco de atuação da associação.

Fortalecimento

Marcado para às 20h, o encontro teve início por volta das 20h30 com fala de Douglas Drumonnd. Segundo o empresário, a intenção de criar um grupo que atua no mercado GLS vem para fortalecer o segmento desunido frente a forças opositoras mais conservadoras.

"Neste momento, estou com as obras do Casarão Brasil e da 269 embargadas pela prefeitura, devido a pressão da Associação dos Moradores de Cerqueira Cesar. A presidente da Associação [Célia Marcondes]  tentou se eleger vereadora no ano passado, teve 1.200 votos [na verdade foram pouco mais de 1.800]. É pouco, mas é gente que tem um certo acesso ao poder e a pessoas que possam financiar essas forças conservadoras", explicou Drummond.

Douglas afirmou também que agora integra a coordenação de Diversidade dentro do PV, o Partido Verde, mesmo de Célia. "Dizem que há um lembrete na tela de computador dessa mulher que apita hoje vence o prazo de um extintor da 269, no dia seguinte, pode apostar, vai ter fiscalização na sauna".

A discussão acontece após um momento em que a prefeitura fecha estabelecimentos comerciais – gays ou não – alegando falta de alvará e que está "fazendo seu serviço". Por outro lado, empresários criticam a dificuldade e burocracia de conseguir liberação para seus estabelecimentos, a não ser por vias ilícitas.

Para o próximo encontro, que acontecerá em cerca de um mês, Douglas planeja levar um advogado tributarista, para falar sobre impostos. A ideia foi reduzida com entusiasmo pelos presentes, representantes dos mais diversos nichos que englobam a diversidade. Com a associação o grupo planeja aproximações com grandes empresas. Para os próximos meses há a intenção de trazer ao Brasil o gerente de marketing da Pepsi, responsável por uma campanha gay-friendly, para uma palestra.

Ideias
Alberto Pinto, da Txai Consultoria, foi o segundo a falar. Discursou sobre sua experiência em trabalhar a questão da diversidade dentro de grandes empresas e ressaltou a importância de se pensar ações enquanto empresários. Neste momento, os presentes também começaram a participar e dar ideia.

Salete Campari sugeriu que o grupo busque parcerias com grandes empresas e crie uma espécie de cartão de crédito gay, que apoie alguma instituição ou uma causa relacionada à comunidade LGBT.  Alberto explicou que dentro dessas coorporações, antes de lançar um produto do tipo pensam como o cliente heterossexual reagiria, se gostaria da ideia e isso acaba inviabilizando atitudes assim.

Os presentes se dividiram sobre a sugestão. Alguns disseram que muitos não usariam um cartão que tivesse as cores do arco-íris. Salete insistiu que não dá pra pensar exclusivamente  em quem não usa e os mais resistentes podem ser influenciados posteriormente pela moda, quando virem que outros estão usando. A drag relatou também a dificuldade de conseguir apoio dentro da comunidade gay, dizendo ser mais fácil conseguir patrocínio de heterossexuais.

Salete também falou sobre a mobilização da Associação de Cerqueira Cesar. "Essa mulher [Célia Marcondes] é uma pedra no sapato da comunidade gay. Fechou uma vez o Ultralounge quando estava com evento lá. Fiquei servindo champanhe aos meus convidados da caçada. Mas hoje fecha uma boate e os gays não se importam, os outros empresários até acham isso bom. O problema é que a comunidade gay é muito desunida", disparou. "Era, até hoje", respondeu Drummond.

A reunião teve sequência com a fala de outros empresários, mesmo com a saída de Douglas, para a gravação de seu programa Parada do Gato, no web canal All Tv. Durante a reunião, muitos presentes declararam a importância de uma associação assim ter um apoio jurídico, para atuarem e ter a quem recorrer, em casos por exemplo, de fechamento de estabelecimentos.

O empresário João Magrineli, do Vermont Itaim, também ressaltou a desunião do seguimento LGBT. "O que nós temos que fazer, enquanto empresários é mostrar nossa força de geração de emprego, imposto e divisa. Já que os ramos dos negócios são GLS é necessário que se contrate gays e assim estamos gerando emprego. É importante também, fortalecer o turismo. Mostrando a quantidade de imposto e divisas geradas por nós, pode ter certeza que um governador como José Serra e um prefeito como Kassab, vão olhar para nós com outros olhos", declarou.

Ricardo Morellato, da Sogo, também fez fala contundente quanto a necessidade de o mercado GLS se fortalecer e os empresários terem a quem recorrer. "Ninguém tem um a pra falar do meu estabelecimento. Pago meus impostos certo, meus funcionários no dia e mesmo assim parece não ser o suficiente. Quem conhece São Paulo deve se lembrar que há cerca de 7 anos, os Jardins era considerado um dos principais pólos gays da cidade. Não sei como conseguiram dizimar aquilo, que só sobrou eu lá", comentou.

A reunião teve fim por volta das 22h, quando foi servido um coquetel  aos convidados.

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