in

Encontro gay paulista inicia com intervenção teatral

O 4º Encontro Gay Paulista começou nesta quinta-feira (02/07), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Diferente de outros eventos, que normalmente começam com aberturas clássicas, onde o que marca são as falas de organizadores e apoiadores, o encontro no interior de São Paulo resolveu começar de forma leve, mas não menos provocadora.

Para recepcionar os participantes do evento político, que culminará com a realização da 2ª Parada Gay, foi apresentada uma intervenção teatral realizada pela ONG de Piracicaba CASVI. A peça, na verdade, é feita de várias esquetes curtas que subvertem a questão da homofobia.

Para melhor entender. A primeira história é um jovem ao telefone reclamando com alguém que não aguenta mais sofrer o preconceito dentro de casa. E questiona indignado: "Como pode, eu sofro mais homofobia dentro de casa do que na rua?". Na sequência, a história relata uma transexual sendo atendida por um ambulatório que faz questão de tratar as trans pelo seu nome social.

Já a terceira esquete se passa numa sociedade gay, onde professores e o diretor de uma escola qualquer estão horrorizados com uma história que chegou aos grandes jornais: o estabelecimento deles possui um casal heterossexual, que ousadamente anda de mãos dadas e se beija em público. Indignados, professores e diretor decidem que tamanho absurdo não pode continuar a acontecer e resolvem expulsar o casal hétero.

Em outro contexto, vários candidatos entrevistados para o cargo de gerente aguardam para receber o resultado em uma sala. Os candidatos são um gay, uma mulher trans, um homem trans, uma travesti e um heterossexual, este é o mais qualificado, mas acaba por se preterido do cargo. Fica revoltado e diz que vai procurar seus direitos e lutar pela inclusão.

Hilário também é o casal que está em prantos, pois acaba de descobrir que o filho mais novo é heterossexual, e a mãe revela ao pai que flagrou o filho se masturbando no banheiro com uma revista pornográfica heterossexual. O pai grita aos quatro cantos: "Onde foi que eu errei? O que irei falar agora nos churrascos da empresa?".

Mais do que subverter a questão da homofobia e a transformar em heterofobia, a peça propõem uma reflexão a respeito da exclusão em si. Ou seja, não é bom para nenhuma sociedade sujeitos que são alijados de seus direitos mais básicos: do poder se masturbar olhando para iguais a uma disputa por um cargo e que, mesmo tendo todas as qualidades exigidas, é desclassificado por conta de sua orientação sexual.

Moral da história: nem uma sociedade homossexual e tampouco heterossexual. E, sim, um ambiente onde todos os personagens possam conviver e dividir o mesmo espaço. Ótima maneira de iniciar um evento político que irá terminar na carnavalização da Parada Gay, que é tão importante quanto os debates a respeito de direitos.

Nesta sexta-feira (03/07), o prefeito de São Carlos, Olwaldo Barba (PT), compareceu à abertura oficial do evento. Saiba mais ainda hoje aqui no site A Capa.

* O repórter Marcelo Hailer viajou a São Carlos a convite da organização do evento.

Prefeito participa de abertura do 4º Encontro Paulista LGBT em São Carlos

“Frenesi”: Espetáculo mescla música, cabaré, deboche e gírias gays