João Federici é o diretor do tradicional Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.
+O que "X-Men Apocalipse" tem a ensinar a comunidade LGBT?
Convidado pelo Festival de Cannes para ser jurado na Queer Palm deste ano, ele analisa nesta entrevista o lugar que as questões LGBT vêm ganhando no cinema e na sociedade.
A gente ouve muito falar em Palma de Ouro, mas a existência da Queer Palm, a Palma dos filmes que abordam questões LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), é bem menos conhecida.
João Federici, que faz parte do júri deste ano, considera que esse quadro está mudando."A Queer Palm vai virar um grande cult em Cannes porque começou há somente seis anos, ainda é muito novinho. É muito importante a gente estar aqui participando para mostrar uma sociedade que está cada vez mais exposta, as pessoas estão começando a se identificar cada vez mais com o cinema das questões LGBT no mundo inteiro”, diz.
O cinema LGBT no mundo
O Brasil tem um dos festivais internacionais mais antigos, o Mix Brasil, que acontece no mês de novembro e já completou 23 anos. Berlim fica na frente com seu evento há 30 anos. E em Cannes, o festival mais midiático do mundo, a mostra fez seis anos.
Esse panorama de eventos de grande porte em capitais importantes representa um avanço relevante, segundo João: “A questāo está sendo cada vez mais politizada, as pessoas estão se referenciando mais ao cinema LGBT para falar de uma sociedade. Quando a gente fala em cinema LGBT a gente fala de um cinema fluido, é um cinema aberto, da diversidade, então não é só a questão LGBT, é uma questão de relacionamento, de sexualidade, de identidade de gênero, fortemente discutidas nos dias de hoje nos bares, nos restaurantes, numa peça de teatro…. e o cinema é nada mais do que uma janela que mostra a sociedade atual”, reflete Federici, enfatizando que quanto mais se tem esse tipo de proposta, mais se atrai uma audiência que está querendo coisa nova e querendo falar das questões sociais impressas nesse momento.
Filmes em competição na Queer Palm 2016
A Queer Palm "pesca" filmes da seleção oficial e das mostras Um Certo Olhar, Quinzena dos Realizadores, Semana da Crítica e Acid (Associação do Cinema Independente). Neste ano são 17 filmes que abordam, em maior ou menor dimensão, a temática da diversidade.
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, está no páreo pela personagem vivida pelo filho de Clara (Sonia Braga), que em uma única cena mostra no celular o retrato do namorado para a mãe e os irmãos, que se sentem felizes por ele ter encontrado alguém bacana.
Julieta, de Pedro Almodóvar, Rester Vertical, de Alain Guiraudie, Juste la Fin du Monde, de Xavier Dolan, e vários curtas também estão na corrida.
No ano passado, Carol (estrelado por Cate Blanchet e Rooney Mara), o romance de Todd Haynes adaptado do livro de Patricia Highsmith, foi o grande vencedor.
O Festival Queer Palm foi fundado em 2010 pelo jornalista Franck-Finance Madureira.
Confira a entrevista com o jornalista e cineasta Lufe Steffen falando sobre o cinema nacional LGBT: