“Um ex-residente subiu até meu quarto, ele batia na porta, me xingava de todos os nomes possíveis, empurrou meus amigos e disse que ia cortar meu pescoço”, contou o estudante de Ciências Contábeis, Sebastião Andrade. Esta era a terceira vez que ele sofria com agressões. Após o fato, Sebastião mais uma vez denunciou os atos homofóbicos que acontecem diariamente na Casa do Estudante Universitário (CEU-M) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E, felizmente, dessa vez Sebatião não estava sozinho.
Outros estudantes gays como Teodoro Neto e Helder Teixeira de Almeida declararam ao site A Capa que são humilhados frequentemente na Casa do Estudante. Segundo eles, a situação se agrava ainda mais com a chegada das eleições anuais para decidir quem vai dirigir a CEU, como a última que aconteceu na quarta-feira passada (19/11).
Os jovens afirmam que com a vitória da chapa ‘Atitude’, formada apenas por heterossexuais, um lençol azul foi colocado em frente ao prédio e um dos alunos gritou “a casa é azul, caralho”. À noite, um carro tocava "vira, vira homem vira vira" de Ney Matogrosso "em sinal de deboche". Enquanto comemoravam, os integrantes da ‘Atitude’ gritavam frases do tipo: "Baitola não tem mais vez na casa"; "vamos matar os gays"; "viva a homofobia".
Os estudantes declararam que o clima agora é de apreensão no local. “Eles dizem pra gente: ‘Agora sim vamos para a agressão’", disse Sebastião.
O outro lado
Em resposta às denúncias, um dos representantes da chapa vencedora, que não quis se identificar, se manifestou ao ‘Jornal do Comércio’ negando a homofobia. "Esse enfrentamento quase sempre foi incitado pelos que se dizem vítimas de preconceito. Não é raro você chegar à Casa do Estudante e se deparar com pessoas do sexo masculino usando saias, sapatos femininos e outros apetrechos, na outra gestão compraram um telefone cor de rosa", afirmou.
O representante também declarou não temer o processo judicial. "Interessante que foi preciso perder a eleição para irem buscar a imprensa e divulgar o que chamam de ‘homofobia’. Se houvessem ganhado, será que a atitude seria a mesma?", indaga.
Helder, que é um dos membros da Chapa 1 (derrotada), esclareceu que o telefone da Casa tinha sido roubado. “Pedimos por comunicado que alguém comprasse um telefone, uma professora doou um na cor rosa”.
Providências
Depois das denúncias de Sebastião, a UFPE abriu na última terça-feira (25/11) um processo investigativo para apurar se as acusações são verdadeiras. Os alunos também entraram em contato com a ONG Leões do Norte e enviaram um comunicado pedindo auxílio ao Governo de Pernambuco.