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Eu sempre quis ser minha irmã

Talvez eu nunca tenha pronunciado o nome dela, mas tenho uma irmã chamada Clara. Ela é alta, tem cabelo encaracolado castanho claro que vai até o ombro e magra, tão magra que podia perfeitamente ser modelo não fosse a religião da minha família.

Desde pequenos brincávamos juntos de Barbie. E, claro, invertíamos os papéis. Eu era a Barbie no vestido de noiva e ela o Ken. [Por que eu não gostava de brincar com as merdas de carrinho que meu pai me dava?]

Se minha mãe estiver lendo isso, provavelmente assumirá a culpa por eu ter me tornado gay. Ela terá uma de suas enxaquecas e será internada às pressas no hospital. Meu pai ficará com tanta raiva por ter gasto dinheiro com carrinhos para mim, que vai começar a murmurar xingamentos horríveis.

FATO: As mães sempre acham que foram liberais demais com os filhos homens, pensam que por deixá-los brincar de boneca e se vestir de mulher influenciaram na descoberta homossexual. Se fosse assim, talvez meu primo fosse gay [E eu realmente queria que ele fosse].

ALUCINAÇÃO: Assim que completava 15 anos, meus pais faziam uma festa de aniversário perfeita, com muita comida e garotos bonitos. À meia-noite eu descia pela escadaria do salão com um vestido tomara-que-caia rosa claro e deixava todos de queixo caído. Inclusive meu primo [E sua super espada], vestido de príncipe a minha espera no primeiro degrau.

[Tá, isto relamente não podia ser verdade] Eu tinha pêlos no corpo e pior, já tinha 17 anos quando esta cena aconteceu com minha irmã. Com algumas diferenças, o vestido era azul e meio brega, o coque era meio démodé e na ponta da escada tinha um menino, que sem dúvida não tinha a espada do meu primo. [Como é que eu não ia ficar com problemas psicológicos? Era eu quem devia estar ali…]

Já que eu não podia ser uma princesa como minha irmã eu ia pelo menos tentar ser uma virgenzinha. Prometi não entrar em sites pornôs por um dia. 

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