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Experiência Antropológica

Como diria o personagem de uma peça que assisti: “gente, vocês não sabe o que aconteceu…”

Estávamos definindo a agenda de setembro da festa Super Dyke e decidimos fazer uma edição hot hot hot, com uma stripper, vídeos sensuais etc, etc, etc.

No final da reunião, o responsável pela casa disse:

– Bem, o endereço para vocês escolherem as strippers é esse – nos entregando um papel com o nome e o local onde deveríamos “escolher” as moças.

– Oi? – eu disse, incrédula.

– Passe lá agora e escolha a garota.

– Oi? – repeti, tentando entender a situação.

– Passe lá com a Villela e veja qual dançarina vocês querem para a festa!

E assim fomos, eu e Cris Villela, “selecionar” a stripper em uma daquelas casas de shows eróticos do centro de São Paulo.

Chegando lá, fomos recepcionadas pelo gerente da casa que, ocupado em atender uma ligação, nos estendeu um flyer com a foto da “atriz” mais bonita da casa.

Eu, delicada que sou, não tive dúvidas:

– Mas isso parece um homem!

Se eu tivesse dado uma tijolada na cabeça do gerente acho que teria doido menos. Ele ficou tão ofendido com a minha observação que sequer quis continuar mostrando o “material”

– Como assim? Essa é a mulher mais bonita da casa!

– Jesus amado… – pensei com meus botões – se esta é a mulher mais bonita não quero nem ver o resto.

Um adendo: eu estava ali para escolher uma pessoa para dançar na festa e não uma namorada, portanto, por favor, antes de me julgar pense que a escolha foi baseada em negócios e não em gosto pessoal.

– Manda chamar a fulana – ele pediu para à ajudante.

– Não precisa! – insisti, tentando evitar a situação constrangedora de ter que “analisar” a moça pessoalmente.

A esta altura, a Villela estava se contorcendo para não rir da situação dramática que se instalou. O gerente morrendo de ódio de mim porque eu tinha achado a “estrela” dele parecida com um homem, a dançarina descendo para que pudéssemos analisá-la e eu no meio disso tudo.

Lá veio a moça. Bonita, até. Mas fiquei sem saber o que fazer.

Como se seleciona uma stripper? Olhando nos olhos?

Pô, fiquei super sem graça de olhar o corpo da menina. Sei lá, né? Desagradável pra caramba.

Imagine eu, olhando para os peitos dela e pedindo pra dar uma voltinha pra eu dar uma sacada na bunda?

Sem a menor probabilidade. Sou uma moça séria e educada nos melhores colégios suíços, jamais faria uma coisa dessas.

– Ela é linda – disse, desviando o olhar da moça rapidamente – obrigada, viu?

Nem olhei pra cara da Villela pois sabia que se o fizesse, cairíamos na gargalhada.

– É Lopes, que situação, o homem ficou passado quando você disse que a estrela dele parecia um travesti… – disse a Villela às gargalhadas quando saímos de lá.

– Só você mesmo pra me fazer rir numa circunstância dessas, Lopes.

Neste momento, eu já estava com os braços erguidos, dizendo com fervor:

– Deus, me leva porque eu já vi de tudo…

O resultado da minha seleção, você poderá conferir na festa do dia 06 de setembro, na Ultra Diesel.

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