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“Fazemos parte da sociedade”, diz Rafaelly Wiest, nova presidente do Dignidade

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, uma conquista em especial chama a atenção. Rafaelly Wiest, 25 anos, assume a presidência do grupo curitibano Dignidade, uma das Ongs de defesa dos direitos LGBTs mais importantes do país. Sonhadora, ela seguiu os passos da travesti e militante Marcela Prado, morta em 2004 em decorrência do vírus da Aids. Conquistou seu espaço e, agora, como presidente da ONG, pretende unir a comunidade gay por meio de eventos e reuniões específicas.

Em entrevista ao site A Capa, Rafaelly conta sobre sua vida como militante, onde atua desde 1999, sua preocupação com as travestis e transexuais e seus milhares de sonhos. Apesar de já ter conquistado muita coisa, a transexual deseja encontrar um grande amor. O sonho mais difícil? Confira a entrevista.

Há quanto tempo você é militante?
Desde 1999…

Como conheceu o grupo Dignidade e como se filiou a ele?
Já conhecia o grupo pela mídia, mas foi através de um amigo, o Gilson, e por meio da mais conhecida das travestis militantes do Paraná, Marcela Prado. Me tornei admiradora dela. Ela foi muito especial pra mim e para muitas trans de Curitiba e do Brasil.  

Como foi a participação como delegada na 1ª Conferência Nacional de Juventude?
Participei nas 3 etapas: Municipal, Estadual e Nacional, sendo a única transexual. Articulei com os diversos setores presentes e consegui apoio para a aprovação de várias propostas referentes as travestis e transexuais e movimento LGBT. O movimento de jovens me recebeu com muita naturalidade e isso demonstra que temos que ocupar todos os espaços políticos possíveis.

Qual a importância de uma transexual liderar uma ONG? Qual o significado disso pra você?
Vejo como um grande avanço assumir uma organização mista LGBT. Nós, travestis e transexuais, estamos nos inserindo cada dia mais em todos os espaços. E acredito que cada dia que passa transexuais e travestis do mundo todo mostram pra sociedade que não somos apenas pessoas da noite. Temos vida social, fazemos parte desta sociedade, somos cidadãs.

Quais são seus passos daqui pra frente? Que medidas você tomará como presidente?
Vou trabalhar dia-a-dia pelos direitos humanos, pela livre orientação sexual e identidade de gênero de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Vou prosseguir com os projetos que visam aproximar a comunidade LGBT da sociedade em geral, promovendo reuniões e eventos. Um grande passo que daremos é intensificar as ações de prevenção em DST/HIV/Aids. Nossa comunidade precisa de ações continuadas na tentativa de diminuir a infecção do HIV/Aids.

Como as transexuais podem fazer valer a portaria do SUS, de permitir a cirurgia de readequação sexual?
As transexuais e o movimento LGBT devem ter unidade na ação. Devemos nos organizar ainda mais e nos posicionarmos pois não estamos pedindo "nem mais e nem menos". Apenas queremos ter os mesmos direitos de todos. Vamos exigir que as propostas da Conferência Nacional LGBT sejam implementadas de fato.

Você vai fazer campanha junto ao grupo Dignidade para que as transexuais utilizem seus nomes sociais? Que tipo de campanha?
Já estamos nos mobilizando aqui em Curitiba para que se crie uma portaria, pois acho fundamental a questão do nome social. Passamos por muitos constrangimentos por conta de nosso comportamento e aparência não condizer com nosso nome de registro. Protocolamos diversos documentos e ofícios nas secretaria de educação do Estado e município, enviamos publicações para o conselho estadual de educação, esperamos avanços e vamos acompanhar.

Quais são seus sonhos hoje em dia?
Neste ano coloquei varias metas em minha vida… Primeiro fazer o melhor em relação ao meu trabalho e pela militância LGBT. Segundo é voltar a estudar e terceiro quem sabe achar um grande amor… Minha cara metade

Como você vê a participação das transexuais no movimento gay brasileiro?
Vejo com bons olhos todo o trabalho e união que existe, lutamos pela causa e temos isso como principio. A cada dia que passa nós estamos nos posicionado mais e lutando por nosso reconhecimento e direitos. Vamos atuar, e como dizem teremos "unidade na ação" com o movimento LGBT.

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