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Festival Close debate questões sociais, preconceito e bullying com realizadores do Brasil


Da esq. para a dir: Vinícius, Diego, Delson, Vagner;
na frente, Sandro Ka – produtor do Close – e Aline 

O Close – Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual – encerrou sua 1ª edição no domingo (24), em Porto Alegre, deixando um saldo otimista sobre a produção audiovisual brasileira com temas LGBT. E um dos aspectos mais importantes dessa produção transcende a linguagem de cinema e foca diretamente nas questões sociais.

São vídeos de ficção e documentário que retratam realidades e conflitos sociais envolvendo a comunidade gay brasileira, e se configurando como "filmes-manifesto", "filmes-denúncia", e reportagens essenciais para se entender o que é ser gay no Brasil de hoje, principalmente fora das grandes metrópoles ou nas periferias das mesmas.

O ponto alto dessa produção foi exibido no Close na manhã de domingo. O documentário "I Encontro Nacional de Jovens Gays e Outros HSH", de Vagner de Almeida, acompanha o evento homônimo que aconteceu em Fortaleza, Ceará, em outubro de 2009.

Cerca de 150 gays masculinos de todo o país estiveram presentes no evento, e alguns deles dão seu depoimento sobre o preconceito e a visibilidade gay nos locais onde residem – e aí se incluem gays do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Sergipe, Santa Catarina e por aí afora, montando um mosaico desse universo e mostrando que ainda há muito por fazer para existir uma realidade verdadeiramente tolerante.

Na mesma sessão, foram exibidos "Por Outros Olhos", de Álvaro de Oliveira e Sylvia Assis, e "Novamente", de Giul Junior, ambos rodados no Rio de Janeiro e ligados ao grupo carioca Arco-Íris e a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dois vídeos narravam histórias de ficção em uma escola carioca, denunciando questões como bullying, homofobia e preconceito familiar.

Após a sessão, os realizadores participaram de debate com o público. Vagner, Álvaro e Giul comentaram suas criações, e na sequência mais um debate aconteceu, reunindo Diego Leismann, do grupo Somos, Delson Souza, do GRAB – Grupo de Resistência Asa Branca, do Ceará -, Aline Macedo – do grupo carioca Laços e Acasos – e Vinícius Ladeira – do Entre Garotos, braço do carioca Arco-Íris.

O debate discutiu as dificuldades que ainda perduram para os gays e lésbicas brasileiros, principalmente das classes mais baixas. A conclusão é que o dinheiro acaba comprando a hipocrisia social através de uma pseudo-aceitação – ou seja, o grande excluído social é o pobre, independente da sexualidade.

Os filmes exibidos na sessão mostraram uma preocupação primordial com a mensagem e a denúncia dos vídeos, deixando em segundo plano os requintes de produção e de técnica – mais importante do que criar uma obra de arte, era registrar o trabalho social de jovens gays de todo o país.

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