A jovem artista e sua família foram mortos em ataque israelense; seu legado vira documentário em festival francês
Em meio ao conflito que assola Gaza, a comunidade artística e jornalística sofre uma perda irreparável: Fatima Hassouna, uma jovem fotoperiodista palestina de apenas 25 anos, morreu após um ataque aéreo israelense que atingiu sua casa no norte da Faixa de Gaza. Junto com ela, dez membros de sua família, incluindo sua irmã grávida, também foram vítimas fatais desse bombardeio.
Fatima não era apenas uma observadora das tragédias ao seu redor, mas uma voz ativa que usava sua câmera como arma para documentar a realidade da invasão israelense na região. Em suas próprias palavras, compartilhadas nas redes sociais, ela afirmava que preferia uma morte ruidosa, que não fosse apenas mais um número nas estatísticas, mas uma marca que o mundo não pudesse ignorar.
Legado que transcende a morte
A história de Fatima Hassouna ganhou ainda mais força com a produção do documentário Put Your Soul on Your Hand and Walk, dirigido pela cineasta franco-iraniana Sepideh Farsi. O filme, que retrata a invasão israelense na Faixa de Gaza através do olhar da jovem fotógrafa, foi selecionado para apresentação no festival de cinema independente L’ACID, em paralelo ao Festival de Cannes, na França. Essa homenagem póstuma fortalece a importância do trabalho de Hassouna e mantém viva sua luta pela memória e pela justiça.
Em entrevista, Fatima dizia que sua câmera era seu escudo e sua voz: “Posso documentar as histórias das pessoas, para que as histórias da minha família não desapareçam como se nada”. Essa missão, porém, a colocou em risco constante, especialmente em um dos cenários mais perigosos para jornalistas no mundo. Desde 2023, mais de 170 profissionais da imprensa foram mortos em Gaza, número que algumas fontes elevam para 206.
Resistência e denúncia em meio ao conflito
O exílio da diretora Sepideh Farsi e sua proximidade com a família Hassouna reforçam a denúncia sobre o ataque: o exército israelense justificou o bombardeio alegando a presença de um membro do Hamas na residência, acusação que Farsi classificou como falsa e absurda. O ataque não só apagou uma jovem talentosa e sua família, mas também silenciou uma importante voz da resistência cultural e informativa da Palestina.
Para a comunidade LGBTQIA+ e os leitores do acapa.com.br, a trajetória de Fatima Hassouna é um lembrete poderoso da importância da representatividade e da coragem em tempos de opressão. Sua luta pela sobrevivência da verdade e da memória, mesmo em meio ao horror da guerra, ecoa como um chamado para que nunca deixemos de dar visibilidade às narrativas marginalizadas, inclusive as que atravessam fronteiras e identidades.
Fatima Hassouna nos ensina que a arte e o jornalismo são ferramentas essenciais para resistir e transformar realidades, mesmo quando a própria vida está em jogo. Celebrar seu legado é também reafirmar o compromisso com a justiça, a diversidade e o direito à existência digna para todas as pessoas, em qualquer parte do mundo.