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“Gostaria de levar estes 3 milhões para lá”, diz Jerry Levinson, da Parada gay de Jerusalém

Jerry Mayer Levinson é o fundador do grupo Open House Jerusalém, centro comunitário da cidade sagrada. A convite da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo ele esteve no Brasil para conhecer a nossa manifestação. Em entrevista exclusiva o militante afirmou estar ansioso e disse que "a parada de gay de São Paulo é uma esperança para nós".

Na conversa Jerry deu informações que pouquissimas vezes chegama chegam a nós, como por exemplo, o fato de a prefeitura de lá ser extremamente homofóbica e incitar a população a jogar lixo, pedra, ovos e outros objetos nos participantes da parada, "o prefeito é judeu ortodoxo e apóia todo tipo de repressão contra a Open House".

Muito simpático e animado,o ativista falou ainda sobre o grupo deles, o centro que eles mantêm na cidade de Jerusalém e até o diretor israelense Eytan Fox, do filme gay "The Bubble", entrou na conversa. Apesar de todo o drama que eles enfrentam, Mayer se mostrou uma pessoa muito otimista.

Desde quando existe o grupo Open House?
Fundamos o grupo em 1997. O grupo já enfrentou vários tipos de repressões de ordem religiosa por conta dos judeus ortodoxos e também da prefeitura. O prefeito de Jerusalém é judeu ortodoxo, ele apoia todo tipo de repressão contra a Jerusalém Open House.

O grupo de vocês sofre ameaça dos extremistas?
Muitas! Vários integrantes da Open House já sofreram ameaças de morte e um integrante já chegou a ser agredido. As três religiões são contra nós: os judeus, muçulmanos e os católicos. A parada gay é o único evento que consegue unir os três. No caso, contra a parada gay.

E como tem sido a realização das paradas?
A parada desse ano está marcada para o dia 6 de junho, só que precisamos da autorização da polícia e eles sempre adiam a entrega da liberação e nós temos que sempre recorrer a Suprema Corte para conseguir essa autorização. A polícia não é vinculada a prefeitura, como é em outras cidades, ela faz a segurança uma vez que a Suprema Corte autoriza, mas só quando a Suprema manda. Antes disso, eles atrasam. A prefeitura já tentou por várias vezes atrapalhar a manifestação.

O movimento GLBT de lá tem conhecimento da Parada SP?
Honestamente nós não conhecemos muito sobre o Brasil. Ficamos muito honrados ao ser convidados pela APOGLBT, pois é um reconhecimento da nossa luta, que é constante. Nós gostaríamos que os 3 milhões de pessoas fossem para Jerusalém, quando há esse número na rua nenhum governo pode ignorar.

Você poderia falar mais sobre a oposição que vocês sofrem?
Nós não sofremos apenas oposição das três religiões, mas de outros grupos minoritários, da prefeitura e de vários agrupamentos. Nós somos um grupo hostilizado por várias unidades e pessoas da cidade.

Como se dá a vida gay em Jerusalém?
Havia um único clube gay e ele fechou esse ano. Muitos vão para Tel Aviv, que é uma grande cidade e onde a parada é diferente e muito maior que a de Jerusalém. A sede da Open House acabou virando um ponto para os GLBT. Lá é um centro comunitário para os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, e não só de Jerusalém. Os judeus vão lá, os russos, os europeus, todo mundo. E nós não temos apenas o centro comunitário, mas também um centro de atenção as pessoas homossexuais, um local de listagem anônima ao HIV, um grupo de aconselhamento e um grupo que vai às escolas falar com os adolescente sobre a vida gay em Jerusalém. Também atuamos com ações comunitárias. Enfim, é um centro comunitário.

Você assistiu o filme "The Bubble"?
Esse eu não vi, eu sei sobre o filme, assisti os outros filmes do Eytan, eu conheço o diretor! O Eytan Fox.

Esse filme ficou muito popular em São Paulo…
Sério? Isso é muito bom!

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