A partir do trabalho realizado com travestis e transexuais profissionais do sexo, por mais de uma década, o grupo Estruturação, ONG LGBT de Brasília, constatou que, em relação aos seus clientes, elas estão sempre atentas quando o assunto é prevenção. Mas uma pergunta ficou no ar: e com os seus parceiros amorosos?
Uma pesquisa realizada pela entidade em 2005 apontou que 49% das travestis e transexuais profissionais do sexo tinham companheiros amorosos à época. Agora, o grupo acaba de lançar uma campanha para atender essa parcela da população trans. Segundo o presidente da ONG, Milton Santos, "13% das entrevistadas tinham feito sexo sem camisinha e sem ejaculação com os clientes."
Quando questionadas sobre suas relações amorosas, o índice subiu para 40%. "Você pode deixar de usar camisinha em uma relação estável, mas não sem uma conversa entre os dois", disse Santos. Segundo o ativista, a intenção da campanha é fazer com que, antes de abandonar a camisinha, haja um acordo entre as partes.
O material a ser distribuído recebeu o título: "Por aí muitos. No seu coração, ele. E como todos, atenção a sua saúde". Santos considera a campanha inovadora na maneira como enxerga a população trans. Para ele, as transexuais e travestis "não estão apenas na prostituição, elas possuem vida amorosa".