Cansada de ver, ouvir, conviver e, confesso, até sofrer um pouquinho, bem pouquinho, quase nada, desse mal, resolvi sentar a bunda da cadeira e tentar descobrir as origens desse fenômeno que só serve para nos irritar: o lesbian drama.
Quem nunca passou por situações típicas do tipo:
– Não, meu amor, eu não ligo que você saia com seus amigos, eu passo a noite de sábado em casa SOZINHA (no tom mais dramático possível) e te vejo quando você tiver tempo pra mim.
Mas pensa que é leve assim? Dá pra piorar:
– Tudo bem, só estou com 40 graus de febre, deve ser pneumonia, mas não precisa vir me ver, só não esquece que eu te amo…
Quase nada dramática!
Só para constar: qualquer semelhança é pura coincidência.
Vamos ao princípio de tudo: você, um singelo espermatozóide, simpático e sorridente, tranquilo no seu canto, é lançado em um buraco escuro, quente e molhado (ui!). Perdida, você sai nadando em busca de um lugar para ficar e acaba encontrando nada mais, nada menos, que uma casa nova – pena que só será sua por uns nove meses – mas tudo bem, ta quentinho, tem comida e bebida, às vezes rola até uma musiquinha, tudo bem legal.
Chega a hora de partir – a doutora, gordinha e amável, porém dona de mãos gigantescas – tenta te puxar pra fora. Você resiste, mas ela não desiste. Neste meio tempo sua mãe gritando e chorando, e você nascendo! Ok, ela venceu, mas é só o começo. Pendurada de cabeça pra baixo, com frio, cansada e puta da vida porque não queria sair de lá, começa a apanhar na bunda – pura demonstração de carinho! Então você começa a chorar e todos na sala (eu disse TODOS) começam a rir, felizes da vida!
Dentro da escola é onde o pior acontece, e é lá que o drama se fortalece! Aqueles “amiguinhos” adoram te provocar, xingar e coisas do tipo, até que você faz o que? Chora, grita, tem chilique… Aí vem a tia, depois a professora e até a diretora para saber o que está acontecendo e sim, graças ao poder de sua encenação, todas elas te dão razão e você sai de lá feliz e completa. Pronto, aprendeu a usar o drama!
A partir daí ninguém segura, e a tendência é piorar. Mas não pensem que isso é assim tão ruim, existe o maravilhoso lado bom da coisa: se sua namorada faz isso, é porque ela quer você por perto. E vocês, duronas, frias e sem sentimentos, por favor, respeitem nosso drama, porque no fundo, no fundo, é sempre charme.
