Em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, o governo federal lançará uma campanha nacional contra a discriminação. Nas empresas, a ação terá o reforço do Sesi (Serviço Social da Indústria), que já auxilia as corporações na luta contra o preconceito, como vídeos e oficinas, para serem replicados. É o que diz reportagem de ontem do Jornal Folha de S. Paulo.
Publicada no suplemento "Empregos", que trata das novidades do mundo corporativos, a matéria mostra que "aos poucos" o mundo empresarial "começa a tratar a discriminação de forma direta, abordando relações interpessoais e derrubando mitos sobre o contágio".
A jornalista Raquel Bocato pontua no entanto que as ações de prevenção a DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e Aids ainda não deram conta de vencer uma barreira maior: a discriminação.
Pesquisa feita em 2007 pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) com 1.245 soropositivos mostra que 42,5% afirmam ter tido perdas no trabalho por viverem com HIV. Desses, 20,6% perderam o emprego e 36,6% tiveram piora da situação financeira.
Ações pontuais
Outro aspecto levantado pela reportagem junto a especialistas é que ações pontuais, como palestras ou distribuição de informativos e folhetos em datas como o 1º de dezembro têm pouca eficácia. "Se não há discussão, o tema cai no esquecimento, ainda que tenha havido breve debate sobre o assunto", informa.
"Tem empresa que distribui folheto e acha que isso é suficiente [para conscientizar funcionários]", destacou Cláudio Pereira, diretor da Ong GIV (Grupo de Incentivo à Vida).
A rotatividade dos funcionários nas empresas também funciona como complicador para o sucesso das ações preventivas. Para driblar isso, a Ford, por exemplo, oferece treinamento a recém-admitidos, enquanto toda a equipe passa por recapacitação. Dos 9.081 funcionários, 6.920 (76% do total) já receberam treinamento. A meta é atingir a totalidade deles até março do ano que vem.
Resultados
A Petrobras é uma das firmas que aparecem na reportagem por oferecer teste gratuito aos funcionários que queiram fazê-lo. Medicamentos para funcionários e dependentes que são portadores do vírus, capacitação dos profissionais de saúde da companhia no atendimento ao trabalhador soropositivo e campanhas de conscientização são outros recursos.
De acordo com a Petrobras, os resultados são medidos pela redução na ocorrência de novos casos, pelo aumento do tempo de vida após o diagnóstico e pela redução dos afastamentos.