Ilude-se quem imagina que só no nosso país as lésbicas são explodidas em shoppings, morrem afogadas (lembra Laís e Cecília em “Vale Tudo?”), têm beijos e relacionamentos vetados (o autor de “A Favorita” garante que Catarina e Stela não viverão romance lésbico), que precisam se vestir de homem para poder dar um “selinho”.
“Grey´s Anatomy”, uma das séries mais promissoras da ABC, não ficou atrás. A atriz Brooke Smith, a Dra. Erica Hahn, deixará a série em episódio que vai ao ar nesta quinta-feira (6).
Segundo o colunista do “Entertainment Weekly” Michael Ausiello, a saída da personagem pode ter sido motivada pelo polêmico romance lésbico entre ela e Callie Torres, interpretada pela atriz Sara Ramirez. “De acordo com uma fonte ligada ao seriado, a saída de Hahn tem a ver com o rumo do romance entre ela e Callie e também com a personagem em geral. Basicamente, eles (os executivos do canal) não gostavam dela e queriam que ela deixasse o programa”, contou o colunista.
Em entrevista a Ausiello, Brooke Smith lamentou sua despedida. “Eu realmente esperava que iríamos mostrar o que acontece quando duas mulheres se apaixonam e que iríamos tratar o fato como qualquer outro casal heterossexual na TV. Fiquei surpresa e chateada quando me disseram que minha personagem não continuaria mais na série”, disse a atriz.
A produtora do programa, Shonda Rhimes, isentou-se da culpa garantindo que a iniciativa de eliminar a personagem não partiu dela, mas da direção da emissora. “Infelizmente não houve magia ou química entre as personagens, suficientes para sustentarem uma relação”, disse Shonda. “O final do relacionamento irá refletir em Callie nos próximos episódios”, acrescentou.
“Eu acredito que diminuiríamos a relação se simplesmente substituíssemos Erica por outra lésbica”, opinou Rhimes, lembrando que a Dra. Cristina Yang sofreu pelo término da sua relação com o Dr. Burke durante toda uma temporada.
Segundo fontes, a personagem de Melissa George, que interpretará uma amiga de Grey e nova interna na quinta temporada, teve o script alterado e não será mais bissexual. Ela flertará com Callie, mas não deve passar disso.
Este foi o relacionamento lésbico mais significante da emissora e atualmente o único casal homossexual em cartaz no horário nobre.
Não somente as lésbicas americanas perdem com a dissolução do casal. Perdemos todos nós, homossexuais, que vemos sempre a mesma novela: um passo à frente quando investem em um relacionamento homossexual e dois atrás, quando decidem eliminá-los por medo de perderem a audiência. Se ninguém ousar, essa “novela” só terá dois capítulos e nenhum final feliz.