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Ministério Público de SP arquiva processo contra clube gay A Lôca

O Ministério Público de São Paulo decidiu arquivar um processo que havia sido aberto pela Sociedade de Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc) contra o clube gay A Lôca.

Na ação, a Samorcc exigia o fechamento do clube, justificando que seus frequentadores eram responsáveis por causar desordem e barulho na vizinhança. O próprio dono do clube A Lôca, Anibal Aguirre, foi acusado de ameaçar os moradores com um pit bull.

Para se defender, a Lôca organizou um abaixo-assinado, que já arrecadou mais de 6 mil assinaturas. Ao saber do ocorrido, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Comunidade LGBT na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Carlos Giannazi (foto, PSOL), procurou o Ministério Público e propôs o arquivamento do processo.

Giannazi também entrou em contato com o Denarc (Departamento de Narcóticos), que fez uma investigação no clube há 3 semanas. Em entrevista ao site A Capa, o deputado contou que ouviu reclamações de frequentadores que teriam passado por constrangimentos no local. "Soube que algumas pessoas foram humilhadas, mas em conversa com o delegado titular ele negou que houve qualquer ação homofóbica contra o clube", disse Giannazi.

Na semana que vem, o gabinete do deputado enviará um ofício que será dirigido à presidente da Samorcc, Célia Marcondes, para que ela compareça à Assembleia e explique sobre a "perseguição homofóbica", nas palavras de Giannazi, que a associação estaria promovendo contra A Lôca. "Existem diversas ações que a associação está organizando para tentar fechar os estabelecimentos LGBTs da região. Queremos fazer uma marcação acirrada. Todas as denúncias levam a crer que há uma movimentação contra a diversidade", declarou o deputado.

Além de convocar Marcondes para prestar esclarecimentos, a presidente da Samorcc será alertada para a lei estadual 10.948/01, que pune casos de discriminação baseados na orientação sexual. "Pretendemos usar essa lei contra a própria associação. Se for necessário vamos à Prefeitura", adiantou o deputado. "A Lôca é um casa histórica e há uma clara tentativa de impedir seu funcionamento, o que confirma o comportamento atrasado e anacrônico de um setor pequeno e conservador da sociedade."

A reportagem entrou em contato com a Samorcc, mas ninguém foi localizado para comentar os fatos.

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