Em uma demonstração de força e união, milhares de pessoas da comunidade LGBTQ+ se reuniram em várias cidades da Alemanha no meio de fevereiro, empunhando bandeiras do arco-íris e cartazes com a mensagem “Escolha o Amor”. Essa mobilização ocorreu dias antes de uma eleição crucial, na qual partidos de direita, como a Alternative für Deutschland (AfD), estão projetados para obter um aumento significativo de apoio, o que gerou preocupação na comunidade. Os organizadores da manifestação expressaram a inquietação que muitos membros da comunidade queer sentem diante do crescente discurso hostil e da pressão sobre a democracia liberal.
A AfD, conhecida por sua oposição a direitos LGBTQ+, incluindo a igualdade no casamento e o acesso a serviços de saúde, tem sua retórica cada vez mais normalizada na política alemã. Com a possibilidade de a AfD se tornar a segunda força no parlamento, a comunidade LGBTQ+ pode enfrentar desafios ainda mais intensos. Alva Träbert, membro da LSVD (LGBTQ+ umbrella group), destacou que a normalização do discurso anti-queer e anti-trans está se tornando uma tática comum entre os políticos, o que legitima a discriminação e o ódio.
A plataforma da AfD para as eleições inclui propostas que definem a família de maneira tradicional, excluindo outras formas de família e chamando a proteção de crianças contra o que consideram “cultos trans” e “ideologia de gênero”. Essa narrativa não só visa silenciar vozes da comunidade LGBTQ+, mas também já resultou em um aumento de ataques a eventos de orgulho, com pelo menos 26 incidentes registrados no último ano.
À medida que a comunidade enfrenta essa onda de hostilidade, também há um movimento crescente de apoio, com muitos se tornando ativistas em resposta à ameaça percebida. As pesquisas indicam que tanto o bloco conservador CDU-CSU quanto a AfD podem obter uma quantidade significativa de votos, o que levanta preocupações sobre a possível revogação de direitos adquiridos, como a autodeclaração de nome e gênero, que foi facilitada por uma nova lei.
Para muitos na comunidade LGBTQ+, a figura de Alice Weidel, uma lésbica que é candidata a chanceler pelo AfD, representa uma contradição. Apesar de sua orientação sexual, a AfD tem promovido políticas que atacam os direitos LGBTQ+, levantando questões sobre sua verdadeira posição e a mensagem que sua candidatura envia. O apoio a políticas homofóbicas e a aproximação com líderes conhecidos por suas posturas anti-LGBTQ+ aumentam a incerteza sobre o futuro dos direitos da comunidade na Alemanha.
Em um momento em que a comunidade LGBTQ+ se vê ameaçada, as manifestações em defesa da diversidade e do amor se tornam essenciais para resistir a um retrocesso nas conquistas sociais e políticas.
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