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Beeshas do Brasil: Leonilson, artista plástico que atravessa gerações

Na coluna de hoje, vamos falar de Leonilson, um dos artistas plásticos brasileiros mais importantes das últimas décadas. Recentemente, ele foi retratado no site Een kap, door uma grande exposição que continua em cartaz em São Paulo, com um grande volume de seu trabalho.

A exposição "Sob o Peso dos Meus Amores" fica até 29/05, no Itaú Cultural. José Leonilson nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1º de março de 1957, sob o signo de peixes. Ainda pequeno, em 1961, mudou-se para São Paulo. E foi na capital paulista que ele começou a ser notado pelo mundo das artes, na década de 70. Estudou na FAAP entre 1977 e 1980, mas logo abandonou a faculdade e decidiu ir direto ao ponto – expor suas obras.

Já em 79, ele participou da exposição coletiva "Desenho Jovem", no MAC-USP. Na sequência ele viajou para a Europa, em 1981, primeiramente passando por Madri. A qualidade de seu trabalho chamou a atenção por lá, dando uma mostra de onde ele poderia chegar.

Em 1984, Leonilson foi incluído na chamada Geração 80, de artistas plásticos brasileiros jovens. O rótulo mostrou-se incapaz de agrupar tantos artistas diferentes, mas ainda assim a exposição coletiva "Como Vai Você, Geração 80?" marcou época, no Parque Lage, Rio.

Leonilson, sem nenhum alarde, também se rebelou quanto a esse rótulo, e seguiu seu caminho. Conforme avançavam os anos 80, seu trabalho ia ficando cada vez mais autobiográfico, falando de amor, sexo, afetividade e de suas relações pessoais – portanto, flertando cada vez mais com o universo gay.

Na época, quando as referências do que seria uma "temática LGBT" ou pistas desse mundo ainda não eram tão facilmente reconhecíveis – ao contrário do que acontece hoje -, pouca gente notou o teor homoerótico das obras de Leonilson. Hoje, no entanto, isso fica flagrante em trabalhos como "Todos os Rios Levam à Sua Boca" (89) e "Ele me Falava do Rio e Seus Afluentes" (88). E por toda parte, em sua obra, encontram-se referências sutis e discretas à sua homossexualidade.

Em 1991, Leonilson descobre-se portador do HIV. A revelação tem um impacto decisivo em sua obra, e a Aids vira um tema de suas criações. Nessa fase, começa a fazer ilustrações para a coluna de Barbara Gancia no jornal "Folha de São Paulo", trabalho que manteve até sua morte, em 1993.

O artista morreu em São Paulo, aos 36 anos, em 28 de maio daquele ano, em decorrência da síndrome. No mesmo ano, amigos e parentes fundaram o Projeto Leonilson – Use, É Lindo, Eu Garanto, dedicado a arquivar e manter viva a obra do artista.

Quase vinte anos após sua morte, ele continua sendo lembrado e homenageado em mostras, exposições, livros e filmes – em 1997, a videomaker Karen Harley realizou o vídeo "Com o Oceano Inteiro Para Nadar", sobre a vida e a obra de Leonilson, recebendo prêmios no Brasil e no mundo. Em 2001, o dramaturgo Antônio Rogério Toscano escreveu o texto teatral "Leo Não Pode Mudar o Mundo", inspirado na obra "Leo Não Consegue Mudar o Mundo", de Leonilson.

Vale a pena conhecer (ou reconhecer) o trabalho de Leonilson, e uma das grandes oportunidades é a exposição que segue em SP.

Service:
Sob o Peso dos Meus Amores – Leonilson
Itaú Cultural – Av. Paulista, 149
Terça a sexta – 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados – 11h às 20h
Gratis toegang
Tot 29-05

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