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Cinema e DVD: “Eu, meu amigo e o armário”, fingir ser gay nunca foi tão divertido

Divertido e esquecível na mesma medida, Eu, meu amigo e o armário é uma comédia sobre as confusões do fingir ser gay. O primeiro passo é perceber que a originalidade passa longe dessa trama. Mas apesar dos problemas apresentados, e que serão explanados ao longo do texto, o filme não é agressivo e pode ser uma boa pedida para uma sessão descompromissada e que busca risos como saldo. A grande vantagem é que pelo menos as piadas de mau gosto e os estereótipos detratores não são ovacionados por aqui.

Eu, meu amigo e o armário nos conta a história de Dave (Jay Harrigton), advogado heterossexual que é convidado a tomar conta de um caso importante envolvendo preconceito. O chefe da empresa, Matthew (Sal Rubinek) é informado pela filha de um grande cliente que Dave é homossexual, já que o rapaz mora com Christopher (Michael Ian Back), seu melhor amigo, que é gay.

Nesta trama ao estilo Noite de Reis, de Shakespeare, Dave é taxado de gay e precisa manter essa farsa até que o caso seja resolvido nos tribunais: a causa defendida envolve um ex-funcionário de uma empresa que alega ter sido vítima de preconceito enquanto desenvolvia seu trabalho. Neste encalço surge a competitiva e sem escrúpulos Katherine (Julie Bowen) e a adorável Lucy (Brooke Langton), filha do tal grande cliente, que ao começar a se relacionar diariamente com Dave, vai se apaixonar e aumentar ainda mais a confusão.

Assim como várias comédias atuais, os personagens coadjuvantes ajudam a segurar os 90 minutos de exibição: Sandy, esposa do chefe de Gabe, é a pentelha que vive se metendo nas decisões do marido e é responsável por boa parte das piadas que realmente fazem rir. Tom (Josh Cooke) e John (Jauy Paulson) são os assistentes de Dave e Katherine. São colocados em diversos momentos de dúvida em relação as suas próprias condições sexuais. Será que somos gays?

Essa é uma das questões que ilustram os diálogos hilariantes dos rapazes. Os pais de Dave surgem em meio à confusão para declarar amor e apoio ao filho, sem nem sequer tentar escutá-lo explicar que tudo aquilo não passa de um grande mal entendido. Com isso, o elenco de apoio de Eu, meu amigo e o armário consegue ganhar bons pontos com o espectador.

Outro ângulo a iluminar é a questão técnica: a edição de Scott Rice é sagaz e a fotografia de Robert Morris não faz feio, além do mediano trabalho de direção de arte de Fred Andrews. A direção geral é de Dave Diamond, responsável pelo roteiro do filme.

O que faz do filme algo bem menos constrangedor do que poderia ser é a falta de pretensão em se considerar uma grande produção: Eu, meu amigo e o armário é burlesco e não pretende ser levado à sério em nenhum instante, mesmo quando faz piadas com gays que malham demais e são fúteis e outras discussões superficiais na seara dos estereótipos ligados aos homossexuais.

Eu, meu amigo e o armário não é a melhor abordagem hilária sobre a homossexualidade e os temas que a circulam. Apesar de ser taxado como uma comédia, Priscila – A Rainha do Deserto, por exemplo, traz forte carga dramática e sociológica em sua narrativa, numa trama que será avaliada nos próximos meses. Tão dramático, quanto hilariante. O mesmo não acontece com Eu, meu amigo e o armário. Há diversos bons momentos, mas a obviedade do roteiro consegue vencer a direção. Assista e se divirta com as confusões criadas pelo atraente Dave. Esqueça alguns instantes depois.

Dizem por ai que o filme é inspirado no excepcional O Closet, filme francês sobre a saída do armário de forma hilariante. Se a inspiração for realmente verdadeira, faltou mais fôlego dos envolvidos na produção.

*Leonardo Campos schrijft in deze ruimte tweewekelijks over bioscoop- en dvd-releases. Hij is onderzoeker in film, literatuur en cultuur aan de Federale Universiteit van Bahia (UFBA) en hoogleraar literatuur.

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