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No Dia do Amigo, conheça histórias inspiradoras e emocionantes de amigos LGBT

Bem menos popular ou comercial que outras datas, o Dia do Amigo é comemorado nesta segunda-feira (20). E aborda os laços de quem escolheu e optou por dividir momentos ao seu lado.

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A comunidade LGBT, tida muitas vezes como desunida, também tece laços importantes e fundamentais entre os integrantes da sopa de letrinhas.

É o gay cis que seca as lágrimas e motiva a amiga travesti. É lésbica cis que deu aquele colo para o gay decepcionado com o ex. É a mulher transexual que deu aquela motivada na vida do amigo bissexual. E todos construindo uma vida melhor.

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Os exemplos acima não são meras utopias. Tanto que o A CAPA foi atrás de histórias inspiradoras que falam sobre a importância da amizade.
 

"Ela me salvou quando me senti abandonado, sujo e culpado"
Itallon Lourenço, estudante de psicologia e amigo da Naiana

"No início do ano passado, logo depois que terminei um relacionamento, fiz um check-up geral e veio um problema de saúde. Foi uma época extremamente complicada. Não tinha contato com a minha família, sofria homofobia de parentes, estava mudando de cidade e as alianças eram todas distantes. No início do meu curso, conheci uma garota que desde o início foi muito cuidadosa comigo, Naiana. Eu era muito quieto sobre minha vida, mas como eu e ela somos militantes nos aproximamos. Um dia, me vi sozinho e sem motivo para levar adiante todo o peso e sei que muitas pessoas na mesma situação a tirarem a própria vida.

Criei uma fanpage para falar sobre os meus sentimentos. Ajudou, mas faltava toque, abraço, uma palavra… Pedi para ela olhar as minhas publicações e ela agradeceu a confiança. Ela esteve presente quando me senti sozinho, abandonado, sujo e culpado. É a pessoa cujo sorriso ou simples conquistas são o suficiente para eu ficar feliz. Ela é lésbica e, eu, gay. Nossa relação me lembra muito a dos anos 80, quando as mulheres lésbicas viam os seus amigos morrendo e se organizavam para lutar pela vida. Hoje, em outro contexto, um contexto em que posso ter uma vida tão saudável quanto qualquer pessoa, ela me salvou".

"Passamos a transição lado a lado, nos dando forças"
Johi Farias, ativista do movimento de Homens Trans, amigo de Samuca

"Tenho um grande amigo que começou a transição na mesma época que eu, quando eu não sabia nem o que era ou o que fazer. Em um grupo de homens trans, perguntei se tinha alguém do Rio de Janeiro para me orientar. E ele – o Samuca Castro – foi o único que me respondeu. Na primeira consulta, encontrei ele e ele me ensinou como fazer o pedido e como funcionava tudo. Depois, percebemos que o atendimento não funcionava como precisávamos.

Às vezes, eu ficava desanimado e era ele que me alegrava. Às vezes ele queria desistir de tudo e eu procurava uma solução. Até que encontramos outro lugar para continuar nossa jornada e fomos criando uma verdadeira amizade. A gente tinha uma vida parecida, passava por situações complicadas, então quando um estava para baixo, o outro estava forte. Depois de tudo, procuramos a defensoria, passamos em vários cartórios o dia todo, até conseguimos as nossas certidões. Neste momento, olhamos um para o outro, apertamos as mãos e ele disse: "Desde o começo juntos". E eu conclui: Até o final juntos".

 

Ele apareceu ajoelhado pedindo para não beijar o amor da sua vida" 
Luiz Becherine, cinegrafista

"Eu e o Renan Correa (na foto, sem óculos) nos conheços há mais de 15 anos. O primeiro contato foi na Tunnel, quando um menino apareceu me xavecando e outro garoto se ajoelhou, pedindo para que eu não o beijasse, pois ele era o amor da sua vida. Esse menino ajoelhado era o Renan (risos) e é claro que eu não fiquei com o menino. Uma semana depois, a gente se encontrou de novo e logo descobrimos que estudávamos no mesmo colégio.

Na época, conversávamos a semana inteira pelo finado ICQ e sempre marcávamos de sair sexta, sábado e domingo. Ficamos tão próximos que todos juravam que a gente era namorado. Tanto que, certa vez, quando eu fui dar o telefone para um menino, o garoto brigou comigo: "Como você ousa dar o telefone na frente do seu namorado". Curioso é que nunca brigamos por causa de homem, mas eu sempre brigo que deixei de beijar o carinha por um cara que ele nem ficou. É meu grande amigo".

"Ela me deu força para sair de casa e ser mais independente"
Thiago Marques, jornalista, amigo da drag Lisa

"Nos conhecemos na faculdade de jornalismo, em 2009 e desde então não nos desgrudamos. Passamos por vários momentos juntos, bons e ruins e nada conseguiu abalar a nossa amizade. Apesar de sermos do mesmo signo (cancerianos) somos bem diferentes. A Lisa (drag queen) sempre foi dona dos holofotes, adora uma câmera, gosta de aparecer. Eu sou mais tímido, prefiro os bastidores. Brigamos várias vezes, inclusive a última discussão foi bem pesada.

Mas não adianta, a gente se ama e já estamos numa boa de novo. A amizade se firmou com o tempo, com os conselhos, com a ajuda que um sempre deu ao outro, nos momentos de dificuldades… Vibramos muito um pela conquista do outro. Ela, por exemplo, me deu muitos conselhos, muita força para eu sair de casa e ser mais independente. A Lisa me deu a maturidade que eu não tinha. Depois dela, posso dizer que fiquei mais adulto".

"Saíamos para a balada, mas após o falecimento do meu pai senti a amizade"
Gustavo Don, Coordenador do Fórum Mogiano LGBT, amigo de Victor

"O Victor (Fontes) me conhecia do 2° ano do Ensino Médio, estudávamos na mesma escola, porém eu não o conhecia. Ele me seguia no Orkut, depois Facebook. E quando criei a campanha Beijos para Feliciano, ele foi uma das primeiras pessoas que mandou a foto: estava com a mãe na Parada LGBT. Pelo Facebook conversamos e descobrimos que éramos vizinho um do outro, ai começamos a sair no dia a dia e curtir baladas juntos.

Depois que meu pai faleceu, a ajuda dele foi imprescindível para eu sair de uma fase bem deprê. Teve um dia que marcou muito, quando eu praticamente fiquei o dia todo na cama sem motivação alguma e ele veio até em casa só para conversar. Isso mostrou o tamanho do carinho e amor que ele têm por mim. Considero um irmão, que posso contar sempre. É uma relação que vai durar por toda vida, pois não consigo viver sem a amizade dele. ".

“Amizade com a Julia me ampliou os horizontes sobre as pessoas trans”
Marcus Lucon, amigo de Julia Cavalcante

“Conheço a Julia há pelo menos 10 anos. Ela era hostess de uma balada que eu frequentava e, desde a primeira vez que a conheci, senti uma simpatia imediata. Era era tímida, muito educada e se destacava das pessoas que estavam naquela casa, que eram muito ‘carão’. A amizade foi um processo natural, com o tempo, toda vez que nos víamos trocávamos figurinhas de alguma coisa. Quando ela foi morar no Japão, começamos a nos falar mais online e a estreitar os laços. Viramos confidentes. Algo que eu sempre admirei é que ela falava o que eu precisava ouvir e não o que me agradaria.

Admito que, antes de estreitar os laços com a Julia, eu tinha uma imagem errada das pessoas trans. E ela me ajudou a entender melhor. Sempre dizia: ‘bee, não é bem assim’. A gente se ensina, com paciência e amizade. A gente fala de tudo, desde os mais fúteis aos mais polêmicos e profundos assuntos. Mas dividimos muitos dos nossos sonhos e é isso que me faz ter um sentimento de confiança sem tamanho, pois a gente só divide os sonhos com quem a gente quer que faça parte deles”. 

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