Em 2003, quando o primeiro o mandato do governo Lula votou a reforma da previdência alguns personagens ficaram bem famosos e até então eram ilustres desconhecidos: Heloisa Helena, Babá e Luciana Genro. Bradaram que o governo e o PT estavam vendidos e que agora, que no poder estavam, iriam votar a reforma do governo do FHC (PSDB).
Por terem votado contra a orientação de suas bancadas todos foram expulsos do Partido dos Trabalhadores em 2003. Heloisa Helena (HH) dizia a todos que ninguém era mais “petista do que ela”. Enfim, a vida continua. O PSTU logo os convidou, mas eles negaram. Aí nasceu o projeto Socialismo e Liberdade, que se tornou o Partido do Socialismo e Liberdade, o Psol. Este sim, verdadeiramente de esquerda e que iria resgatar os valores que o PT havia perdido de vista. Uma volta aos anos 80?
A iniciativa gerou muita desconfiança em certa parcela da população, gerou alegria em outra parte. Fundaram o partido, conseguiram as assinaturas necessárias. Assim foram para as eleições de 2006. O discurso não ficou muito claro. A campanha de Heloisa Helena foi moralista, pois a colocava com uma pessoa de “coração valente e valores cristãos”. Nos debates políticos preservava o PSDB, partido adversário da Esquerda política brasileira, atacava ferrenhamente o governo Lula e conseqüentemente o PT. À direita?
Em seu estatuto o partido do Socialismo e Liberdade se diz ser de esquerda marxista revolucionária. Mas as coisas começam a ganhar outro tom a partir das eleições de 2008, quando o Psol, de “esquerda revolucionária”, começa a fazer alianças com o Partido Verde (PV) em pequenas cidades ao redor do Brasil. O caso mais tenso ocorreu em Porto Alegre, quando a candidata do Psol a prefeitura, Luciana Genro, se aliou ao PDT e aceitou dinheiro da Gerdau. De novo o estatuto: não aceitar dinheiro de empresa privada, pois a idéia é ser revolucionário e o projeto do Psol é estatizante.
Contradições, todos os partidos possuem. Mas, alguns tentam camuflar de todas as maneiras possíveis. Nem o desejo de ser o PT dos anos 80 conseguiram. E o exemplo mais forte vem agora: quando a executiva do partido anuncia que está negociando aliança com a candidatura de Marina Silva, esta que é ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula e que, assim como Heloisa Helena é contra o aborto, não tem posição clara sobre os homossexuais e também é fundamentalista religiosa. E o mais engraçado, vão se aliar ao partido do filho do Sarney. Cadê a transformação?
Nessa matemática, tudo a ver. A grande puxadora de votos do Psol é Heloisa Helena, já declarou que não irá concorrer a presidência e que irá disputar uma vaga no senado por Alagoas, o seu estado. Se tal aliança se concretizar teremos a união das duas figuras mais carolas e conservadoras da política brasileira atual. E o Psol, onde fica nisso? É verdade que algumas correntes internas estão arrancando os cabelos, mas é a minoria. Vão perder. Sinto muito, não tem mais volta. Também não duvido da vaga de vice ser de alguém do Psol. Agora fica a pergunta, e no segundo turno, eles vão continuar ao lado do PV e apoiar a candidatura do PSDB?
O que era pra ser algo de novo na política brasileira já se revelou velho, cansado e viciado antes mesmo de mostrar a que veio. O destino do Psol é o mesmo dos novos partidos de esquerda que surgiram na Alemanha, Holanda, Portugal e Inglaterra. A intenção era muito bonita, mas logo foram para debaixo do guarda chuva dos grandes partidos e hoje não são nem esquerda e nem direita. São mais uma legenda, apenas. Algumas correntes já dizem que irão sair do Psol e fundar outro partido. Serio mesmo?