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O que penso sobre Luisa Marilac

Fiquei tentando encontrar um título para este blog que não fosse tão sério, mas não encontrei nada que realmente contextualizasse em algumas palavras a visão que tenho sobre a travesti Luisa Marilac, eu não tenho dúvidas da importância dela para a sociedade.

Em uma entrevista bastante descontraída e sem cortes mesmo quando usou expressões que não constam nos dicionários, ela falou uma frase carregada de significados importantíssimos e muito coerentes: eu fui puta porque a sociedade me impôs.

Não é preciso ser nenhum intelectual para entender a frase. Por ela ser travesti muitas portas estiveram fechadas, muitas oportunidades nunca sequer apareceram e talvez as poucas chances que teve se tornaram insuportáveis por conta da violência física e moral que a sociedade exerce sobre todos nós.

Para uma travesti o mercado de trabalho formal praticamente não existe. Umas pouquíssimas guerreiras conseguem suportar e dar seguimento na carreira, ter uma formação e enfrentar todas as barreiras até a entrada em uma empresa. Quantas travestis executivas existem? Gerentes? Cargos de níveis intermediários? Quase nenhuma!

Estudar é um dos principais desafios que elas precisam vencem ainda muito jovens e justamente pela dificuldade é que desistem e acabam sem formação e submetidas a condições de trabalho desumanas. A prostituição é o destino de grande parte delas.

Com Marilac a vida não foi diferente, seguiu o rumo quase padrão e ela ainda teve a oportunidade de ir trabalhar na Europa, ganhando em euro, mas sofrendo como todas, que ganham em qual moeda for. Mas Luisa não tem vergonha do seu passado, bate no peito para falar que já se prostituiu. Não ter vergonha do passado é uma qualidade que muitos não têm.

Mas a importância dela para a sociedade não é apenas em ser mais uma, mas a pessoa que trouxe a travestilidade para a mídia de maneira alegre e positiva, com ares de alguém que é feliz consigo e respeita o próximo, diferente de como muitos a trataram.

Ela pode não ter uma formação academia, mas é politizada. Em todas as entrevistas que dá sempre fala sobre a violência que os homossexuais sofrem, pede respeito e direitos. Luisa tirou as travestis dos becos escuros que a grande imprensa as coloca para uma posição de destaque.

Cada vez que a homossexualidade e suas vertentes saem do gueto e ganham projeção em veículos que conversam com outros públicos é uma militância que está sendo feita, mesmo que o objetivo principal não seja. O assunto é levado para discussão em grupos que não costumam olhar para os lados.

Marilac conseguiu muito mais que a fama passageira que a internet proporciona, muito mais que o primeiro milhão de acessos no YouTube, muito mais que uma agenda de trabalho em casas noturnas, ela trouxe para a luz um assunto que a grande maioria quer apagar.

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