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Ong baiana promete cruzar os braços em protesto no Dia Mundial de Combate à Aids

Em e-mail encaminhado nesta semana para Agência de Notícias da Aids, o Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual (GLICH) da Bahia promete "cruzar os braços" para protestar no Dia Mundial de Luta contra a Aids em 1º de dezembro.

Segundo a organização, o governo daquele Estado não administra com eficácia a área porque "as ações de prevenção à doença tiveram um decréscimo significativo nos últimos anos. As relevantes quedas destas ações se deram pelo fato do governo do estado não ter repassado as verbas estaduais constante no plano de ações e metas nos anos 2006 e 2007".

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia foi contatada para se manifestar sobre o assunto, mas não respondeu à reportagem até o fechamento desta matéria, no fim da tarde da quinta-feira, 22 de novembro.

Leia a seguir o e-mail da ONG na íntegra com esta e outras reclamações.

Prezados (as) senhores (as)

O GLICH – Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual vêm a público declarar que como forma de protesto não irá realizar nenhuma ação de prevenção no 1º de Dezembro, data em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra Aids.

A entidade reunida refletiu e analisou á atual conjuntura das políticas de prevenção as DST/AIDS na Bahia no biênio 2006/2007, e de forma lamentável concluiu que as ações de prevenção a doença tiveram um decréscimo significativo nos últimos anos.

As relevantes quedas destas ações se deram pelo fato do governo do estado não ter repassado as verbas estaduais constante no plano de ações e metas nos anos acima mencionados.

Todas as 35 ONG que trabalham na área de prevenção e assistência filiadas ao Fórum Baiano ONG/AIDS-FOBONG hoje sofrem com a morosidade e o descaso das políticas de incentivo por parte do Governo Estadual para as entidades que atuam no campo das DST/AIDS.

A Realidade da Epidemia: Apesar da Organização das Nações Unidas (ONU) ter declarado no seu último relatório que errou nos dados da AIDS em 7 milhões de casos, a situação da pandemia ainda é estarrecedora, pois, são 33 milhões de pessoas atingidas pela doença no mundo, e na América Latina o Brasil representa um terço das pessoas infectadas, sendo que, em um ano 100 mil pessoas se infectaram com vírus da AIDS no continente sul-americano.

A Triste Realidade dos Grupos mais Vulneráveis: Ainda segundo a Pesquisa da ONU no Brasil afirma que as relações sem proteção, entre os homossexuais e bissexuais são responsáveis por metade das infecções de HIV transmitido sexualmente no país. E que as mulheres continuam sendo contaminadas por parceiros que não usam camisinha.

O Caminho segundo especialistas: Para o infectologista Juvêncio Furtado, o país precisa intensificar novamente as campanhas de prevenção. Não só nos grandes momentos, como no carnaval e no Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, mas também durante o ano inteiro, deve se enfocar as doenças e as formas de prevenir principalmente entre os jovens (fonte: Jornal da Globo 20/11).

A Realidade Homossexual e o Perigo da Doença em Feira de Santana: Em Feira de Santana calcula-se que exista de 35 a 50 mil homossexuais/ Travestis e outros Homens que fazem Sexo com Homens (HSH) é visível nos lugares de freqüência GLBT que esta população se desenha cada vez mais jovem, e que esta juventude tem banalizado a doença e, por conseguinte o uso da Camisinha. E é esta realidade que confirma a pesquisa realizada pelo ONU.

Precisamos de ações concretas e duradouras, e preciso repensar o modelo de vigência de projetos, entendendo que projetos de um ano ou seis meses não atingem idéias satisfatórios, é preciso que as ações e estratégias sejam pensadas e realizadas em médio prazo, pois o curto tempo de vigência compromete os impactos do projeto sobre ao controle da epidemia.

Precisamos realizar campanhas de massa voltadas para a população GLBT, é um absurdo que uma população massacrada, discriminada e estigmatizada como a população Homossexual/Bissexual/ Travestis /Transexuais não tenha uma campanha televisiva de incentivo ao uso do preservativo principalmente para os jovens.

Uma População que tem segundo pesquisa 11% mais possibilidade de se infectar com o vírus HIV e 18% mais possibilidades de morrer de AIDS não pode ficar a deriva, esquecido e tendo como financiamento anual apenas os recursos destinada à campanha de prevenção durante as comemorações do dia do Orgulho GLBT realizadas nas paradas.

O movimento de luta contra AIDS ligado aos Grupos mais vulneráveis precisa reagir e dizer que o "Melhor Programa de AIDS do Mundo" não é mais uma realidade e a pesquisa do ONU prova isso.

Em quanto a maquina burocrática dos governos trava os processos e impede a realização de ações especifica para grupos vulneráveis ficamos aqui de mãos atadas vendo a burocracia e a inércia governamental de um país sustentado na corrupção política ceifando vidas, e nossos irmãos Gays ou não virando apenas lembranças em nossas tristes memórias.

Assim sendo, pela total ausência de apoio as paradas GLBT da Bahia por parte do Governo Estadual, diante o total descaso frente ao repasse das verbas via edital, e pela falta total de políticas públicas voltadas para o público GLBT na área de prevenção as DST/AIDS nos últimos dois anos, O GLICH Informa que no dia 1º Dezembro estará pela primeira vez cruzando seus braços e retirando qualquer campanha de prevenção à doença nesta data, protestando e chamando a atenção da sociedade para o descaso que vem ocorrendo no nosso estado e a total falta de respeito aos trabalhos e ações das ONG/AIDS da Bahia.

*Texto publicado sob autorização da Agência de Notícias da Aids

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