A marginalização das pessoas trans em Karnataka, na Índia, é um tema que gera intensa discussão e preocupação. Recentemente, o governo estadual, liderado por Siddaramaiah, apresentou o orçamento para 2025-26, que não alocou recursos para as minorias sexuais, o que gerou forte indignação na comunidade LGBTQ+. Apesar das múltiplas solicitações por uma política inclusiva e recursos financeiros, as necessidades da comunidade trans continuam sendo ignoradas.
Durante a apresentação do orçamento, ativistas da Movimento por Pluralismo de Gênero e Sexualidade (MGSP) expressaram sua frustração, destacando que a falta de atenção do governo perpetua a marginalização. A comunidade trans, que segundo o censo de 2011 contava com 20.266 indivíduos em Karnataka, enfrenta desafios significativos, como o acesso limitado à educação e a oportunidades de emprego. Para muitos, a falta de suporte governamental torna a sobrevivência um desafio diário.
Um exemplo impactante é o relato de Rekha, uma mulher trans de 38 anos que sobrevive pedindo dinheiro em semáforos, devido à ausência de oportunidades de emprego. Ela enfatiza que, com um pouco de apoio governamental, sua vida poderia ser drasticamente transformada. Por outro lado, Meena, uma trans de 30 anos, conseguiu se formar como esteticista com a ajuda de uma ONG, mas ainda luta para conquistar clientes, devido a preconceitos que cercam sua identidade.
As solicitações da comunidade incluem a criação de um fundo de bem-estar dedicado a indivíduos trans, aumento no suporte financeiro para empreendedores e a realização de cirurgias de redesignação sexual gratuitas. No entanto, a resposta do governo tem sido decepcionante, com orçamentos que não refletem as demandas crescentes da comunidade.
Outro ponto crítico é a ausência de um conselho de bem-estar para transgêneros, conforme estipulado pela Política Estadual sobre Transgêneros de 2017. A falta de um órgão que defenda os direitos e interesses da comunidade impede a implementação de políticas eficazes. Ativistas como Akkai Padmashali lutam por representatividade política e pela criação de um orçamento separado que atenda às necessidades específicas das pessoas trans, considerando a diversidade da população nas diferentes cidades de Karnataka.
A luta por reconhecimento e inclusão no orçamento do estado é um reflexo da necessidade urgente de políticas que não apenas reconheçam, mas também promovam a igualdade e o bem-estar da comunidade LGBTQ+. O apoio governamental e a sensibilidade social são cruciais para garantir que pessoas trans não sejam apenas vistas como marginalizadas, mas como integrantes valiosos da sociedade, merecedoras de oportunidades e respeito.