João Pedrosa é psicólogo clínico especializado em terapia com enfoque em sexualidade e analista do comportamento. Em sua clínica atende homens e mulheres com dificuldades sexuais. O seu trabalho é focado em técnicas da terapia comportamental que visam alterar o comportamento do cliente para que o mesmo possa vivenciar sua sexualidade de forma plena e saudável.
Agora, aos 51 anos de idade, Pedrosa encara uma nova missão em sua carreira: estreia amanhã uma coluna quinzenal às quinta-feiras aqui no site A Capa. Em um estilo pergunta e resposta ao nosso leitor, as colunas tratarão de dúvidas quanto à sexualidade, comportamentais, a vida de casal e tantos outros dramas que permeiam o cotidiano da vida gay. Conheça agora o nosso novo colunista em uma simpática e esclarecedora entrevista.
E se você tem alguma dúvida e quer perguntar ao nosso psicólogo João Pedrosa, mande e-mail para: pedrosa@syntony.com.br
Há quanto tempo atua como psicólogo?
Sou psicólogo, formado em 1988, especializado em terapia sexual e analista do comportamento. O analista do comportamento é um psicólogo que na sua atuação clínica e em outras áreas, analisa o comportamento tendo como referência os pressupostos teóricos da Análise do Comportamento. Uma ciência fundada em 1930 nos Estados Unidos pelo psicólogo americano B. F. Skinner.
Entre os seus pacientes homossexuais, há um problema comum que acomete a todos?
Nos meus clientes homossexuais é muito recorrente a rejeição da homossexualidade. Eles não se aceitam enquanto gays. Como efeito colateral podem apresentar um quadro clínico de depressão, uso de substâncias psicoativas, disfunções sexuais, entre outros.
Já houve casos de pais o procurarem para que você curasse o filho/a da homossexualidade?
Sim. Como os pais não entendem o fenômeno da homossexualidade acham que é possível ‘a cura’. É explicado que isto não é possível do ponto de vista científico e o nosso Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução 01/99 de 23 de março de 1999, proíbe este tipo de prática.
Qual a sua opinião sobre psicólogos que ainda trabalham com a questão da cura da homossexualidade?
Como analista do comportamento acho que os psicólogos que dizem curar a homossexualidade (o que não é possível) têm uma posição anti-científica e estão, geralmente, influenciado pelos dogmas religiosos. Confundem religião e ciência. Prestam, um desserviço à sociedade e aos homossexuais.
Por que a psicanálise ainda não consegue separar a homossexualidade da perversão e tratá-la com algo natural?
Numa visão moderna e cientifica não tratamos mas a homossexualidade como perversão, pois desde a década de 1970 as entidades científicas deixaram de considerar a homossexualidade uma doença. Hoje a homossexualidade é tida como uma variante normal da heterossexualidade.
Você pretende lançar uma segunda edição do seu livro "Segundo Desejo". O que irá mudar? Fale um pouco sobre a obra.
A segunda edição deste livro deverá sair neste ano de 2009. O livro foi muito bem aceito e teve uma boa venda. Ele reflete minha experiência como psicólogo especializado em homossexualidade e trata de seus vários aspectos de forma simples e didática, mas sem perder a visão científica da questão. Não pretendo mudar nada no livro, pois atualmente me dedico a confecção de um outro livro que tratará também da homossexualidade masculina. É o resultado de uma pesquisa que fiz com homens homossexuais confirmando a hipótese que existe uma suscetibilidade genética para a orientação sexual e ela é díspar na infância.
O Brasil é um país extremamente machista e por conta disso muitos homossexuais vivem uma homofobia internalizada. Como resolver este tipo de drama?
Este drama vai ser resolvido com mudanças sociais: maior visibilidade social dos homossexuais, uma legislação que garanta seus direitos básicos; inclusão da matéria Diversidade Sexual nos currículos escolares, leis que punam a manifestação homofóbica, entre outras ações. Esta homofobia internalizada, ou medo de ser homossexual, existe em milhares de gays porque eles têm medo de manifestar sua homossexualidade e serem punidos pela sociedade/pessoas.
O que espera da coluna? E que público espera atingir com ela?
Espero poder ajudar os leitores do A Capa, esclarecendo questões ligadas ao comportamento humano em geral, homossexualidade e diversidade sexual. Espero atingir o público homossexual, que muitas vezes não tem acesso as informações básicas. Muitos, por causa da homofobia, tem medo de perguntar ao professor, aos pais, aos amigos, de comprar um livro com receio da exposição, ou seja, revelar a sua homossexualidade. Espero que os leitores me mandem muitas perguntas e responderei todas com prazer.
