Com certeza você já leu algo ou ouviu falar do filme "Preciosa", que está em cartaz em alguns cinemas desde a semana passada. O longa que se passa na Nova York dos anos 80 relata a história de Clarice Precious Jones, jovem com 16 anos, negra, obesa, mãe de uma filha com sindrome de down, explorada pela mãe e grávida pela segunda vez do pai. E isso é apenas a resenha do filme.
Mas, o que poucos disseram é a respeito da professora de Precious da escola especial, a Sra. Blu Rain (Paula Patton), que exerce papel fundamental na vida da protagonista. Ela é responsável por mostrar para a garota que ela pode sim tomar as rédeas de seu destino.
Ficamos sabendo da homossexualidade da professora quando, em uma situação muito dramática a professora dá abrigo a Precious. Sentada, a protagonista analisa os quadros pendurados na casa da professora e logo percebe que a pedagoga é lésbica e casada.
Momentos depois as três estão na sala comendo e Precious diz que tinha aprendido com a sua mãe que "homossexuais são pessoas ruins", mas ela diz que refletiu e notou que não são os homossexuais que "vendem crack na rua, estupram seus filhos e perseguem as pessoas". A professora e sua companheira ficam emocionadas com a sinceridade de Precious.
E é dessa maneira, muito direta e sincera, que o diretor Lee Daniels constrói a história de Precious e de todos os personagens ao seu redor. Vale notar que os personagens exercem uma função relevante na história e nenhum está solto, ou aleatório a historia. Assim como a personagem interpretada pela cantora Mariah Carey. São apenas duas cenas, mas fundamentais para o desenrolar da trama.
A cantora convence no papel como a assistente social que irá pressionar Precious a contar a verdade sobre os problemas que estão
acontecendo em sua casa, pois, caso Clarice continue a maquiar os fatos, irá cortar os benefícios dados pelo governo. A cena, creio que uma das mais fortes do filme, é quando Mariah, Precious e sua mãe sentam para uma conversa para tentar a reconciliação entre genitora e filha. Impossível não se emocionar, ou até mesmo chorar.
Não podemos dizer que o longa "Preciosa" é uma obra gay, de maneira alguma, mas é sim um filme que trata da exclusão e do bullyng, ambos temas caros a comunidade LGBT. Por isso, a professora lésbica não está à toa na historia, apenas para parecer um filme moderno e inclusivo.
Precious é a protagonista, mas todos ao seu redor sofrem de alguma maneira com a exclusão, machismo, racismo, homofobia e todos os tipos de fobias sociais que acometem sua vida e ainda permeiam a vida social. Os personagem que circulam pela história servem para mostrar a Precious que ela não está sozinha nesse mundo e isso faz toda a diferença para ela seguir adiante.
O filme recebeu seis indicações ao Oscar, incluindo o de melhor atriz para Gabourey Sidibe, que faz Preciosa. Pode ser que ele ganhe todos ou nenhum, mas isso não tem importância. A produção, que tem o nome da Oprah Winfrey, cumpriu e está cumprindo o seu papel: esfregar na cara de muita gente que a sua vida é ótima e também mostrar que o bullying e a educação dentro de casa podem sim arrasar com a vida de pessoas. Assista e confira.
Confira a seguir o trailer do filme:
