Todas nós já passamos por términos de relacionamentos e lidamos, cada uma com suas próprias forças e entendimentos, com as dores de uma separação.
Alguns são superados mais rápido, outros demoram uma eternidade para deixarem nossos conscientes e ocuparem seus devidos lugares em nossa caixinha de lembranças, mas para algumas pessoas, o amor, ainda que não correspondido, torna-se algoz de sua existência, ditando os rumos que a vida da pessoa deve tomar.
Tudo passa a girar em torno deste amor que insiste em permanecer no coração, trancafiado no calabouço que criamos, para que ele não possa sair dali. Ele é, ao mesmo tempo, vítima e carrasco, maltratando e sendo maltratado.
Essa sensação de que ele nos preenche é tão real que deixamos passar diversas oportunidades de conhecer novas pessoas, de começar novos relacionamentos ou até de ficarmos muito bem, obrigada, sozinhas, curtindo nossa própria companhia com o peito leve e livre.
Não permitimos que “um novo amor” ocupe o espaço do antigo, como se consistisse em uma traição inominável gostar de outro alguém enquanto carregamos esse sentimento que, sem perceber, está nos consumindo dia-a-dia.
Quando existe a possibilidade de se reatar a relação essa luta para que o amor não definhe é mais que válida, mas quando a outra pessoa já seguiu em frente, já nos superou, manter esse sentimento não traz benefício algum, para ninguém.
“Tornar o amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém” diz Nando Reis em “Quem vai Dizer Tchau?”.
Ora, se um amor só é real quando ele sai de você e é recebido por outro alguém, qual o sentido de manter este sentimento tão nobre como prisioneiro e algoz, machucando e sendo machucado ao mesmo tempo?
Se há um amor preso em seu coração, liberte-o. Faça com que ele alcance outro coração e assim torne-se real.
Desprenda-se, solte as amarras que a atam a um relacionamento que acabou. Superar não anula o que vocês viveram juntas, nem todo o carinho que sentiram um dia. Superar é o alvará para seguir em frente, em busca da felicidade e de uma relação que a complete verdadeiramente.
* Nina Lopes cuida sempre para não cair na armadilha do amor algoz e é editora do Dykerama.com.
Quem vai Dizer Tchau?
Nando Reis
Quando aconteceu?
Não sei
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu?
Quando a sorte não mais pode ganhar?
Não
De longe me disse um não
Mas quem vai dizer tchau?
Onde aconteceu?
Não sei
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu
Dormindo antes de você chegar
Mas, não
Foi ontem que eu disse não
E quem vai dizer tchau?
A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho
Guardar lá dentro o amor não impede
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Para que ele possa ser de alguém
Somos, se pudermos ser ainda
Fomos donos do que hoje não há mais
Houve o que houve
E o que escondem em vão
Os pensamentos que preferem calar
Se não
Irá nos ferir o não,
Mas que não quer dizer tchau.