Mais uma vez, a questão gay está esquentando a pauta eleitoral – e, no Rio de Janeiro, a homofobia já fez estrago na campanha de Rodrigo Maia (DEM) à prefeitura da cidade. Tudo porque, na última sexta (14), o programa eleitoral de Maia contou com a "participação especial" do ex-governador do Rio, e evangélico, Anthony Garotinho (PR).
A fim de jogar areia na campanha do adversário de Rodrigo Maia, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que concorre à reeleição, Garotinho criticou a aproximação do peemedebista com setores evangélicos, enquanto se mostra favorável a políticas públicas para gays. Segundo o ex-governador, Paes está enganando o eleitor e sendo "hipócrita".
O depoimento de Garotinho não desceu bem para Marcelo Garcia (foto), ex-secretário de Assistência Social na gestão de César Maia e então coordenador do programa de governo de Rodrigo.
De acordo com o portal Terra, Garcia classificou como "oportunismo político" as críticas de Garotinho às políticas pró-gays de Eduardo Paes. Em carta endereçada ao ex-governador, Garcia lembrou que a gestão César Maia (que é pai de Rodrigo) também apoiava essas políticas: "Apoiávamos a Parada Gay. Inclusive, eu ia dar o beijo de abertura. Na prefeitura, iniciamos o projeto mais importante no país de proteção a travestis e garantimos muitos direitos de gays e lésbicas".
Ainda na carta, Garcia pontuou que resistiu à participação de Anthony Garotinho na campanha, ao ser avisado dela por Rodrigo Maia. Tentou conviver com as "diferenças abissais", mas o depoimento extrapolou: "Ficou claro que nós dois sempre seremos de lados opostos nesta vida. Eu acredito na igualdade e no direito universal das pessoas serem respeitadas. O senhor não. Fico triste em ver um homem como o senhor usar a comunidade gay para confrontar uma campanha eleitoral de adversários", escreveu, justificando sua saída.
Com um histórico de algumas ações pró-gays – foi ele que pediu regime de urgência ao atual PLC 122 quando tramitava na Câmara e foi um dos articuladores de sua aprovação por votação simbólica na Casa –, Rodrigo Maia parece estar se rendendo à pauta evangélica, dá a entender a carta: segundo Garcia, Anthony Garotinho "é prioridade na campanha de Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho". Clarissa é evangélica também.
A assessoria da campanha de Rodrigo Maia limitou-se a dizer que a saída de Marcelo Garcia era uma decisão pessoal que seria respeitada.