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Será? Historiadora afirma que conceitos de hétero e homossexualidade aumentaram preconceito

Será que a definição do que é ser gay – e ser hétero – aumentou o preconceito? Para a historiadora norte-americana Hanne Blank (foto), a resposta é "sim", e por um motivo simples: os conceitos "enquadraram" os comportamentos sexuais.

Blank é a entrevistada na seção "Ideias" da revista Época desta semana, em texto assinado por Tania Machado. Segundo ela, as definição dos termos hétero e homossexualidade foi uma ideia ocidental transmitida a outros lugares do mundo por imperalismo cultural.

Para Hank, ambas as palavras foram criadas pelo jornalista Karl-Maria Kertbeny em uma carta de 1851. A americana sustenta que hétero e homossexualidade sempre existiram, mas antes não eram identificadas. "Não existia a noção de orientação sexual. Alguém poderia ter desejos sexuais diferentes ou envolver-se em diferentes tipos de atos sexuais. Esses atos poderiam ser considerados lícitos ou ilícitos, castos ou pecaminosos. Mas esses juízos de valor eram feitos sobre desejos e atos específicos, nunca sobre a pessoa. Isso só aconteceu com a criação da palavra", defende. "O conceito de hétero e homossexualidade não foi criado com base em princípios científicos, mas sim sociais".

Para a historiadora, a partir do momento em que a heterossexualidade se tornou consenso e trouxe no bojo toda uma gama de valores e tradições, "passamos a não questioná-la. Nós a enxergamos como algo normal sobre o qual não precisamos falar". Hank ainda comenta que, antes de 1868, o comportamento das pessoas era diferente em relação à heterossexualidade e que o sexo entre homens era aceito em determinadas épocas e lugares, ainda que houvesse oposições, como da igreja católica (o maior problema era assumir o papel passivo).

Em 1886, ainda segundo a historiadora, o livro Psycopathia sexualis, que catalogava os desvios e degenerações sexuais, ajudou a ampliar o preconceito e aumentou a pressão sobre os homens para provar "sua normalidade": "Nesse livro, o termo heterossexual, ou normal sexual, era todo aquele que não estivesse no livro e envolvesse a relação sexual entre um homem e uma mulher feita pela penetração do pênis na vagina".

Hanne Blank, que já viveu 15 anos com uma pessoa que, geneticamente, não era nem homem e nem mulher, não se considera nem hétero, nem homo, nem bissexual: "Gosto de masculinidade, mas não necessariamente em alguém que seja biologicamente um homem", finaliza.

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